Saturday, March 11, 2006

NAS FALDAS DA SERRA COMEMORA 25 DE ABRIL POR CONTA PRÓPRIA

Caros visitantes do blogue Nas Faldas da Serra- Faz hoje precisamente 31 anos que muitos democratas portugueses foram obrigados a defender nas ruas, de armas nas mãos, a Liberdade que haviam conquistado em 25 de Abril de 1974. Reza a História que um grupo de oficiais tentou nessa data (11 de Março de 1975) levar a cabo um golpe de estado cuja finalidade pretendia, para o bem ou para o mal, alterar o rumo que a chamada Revolução dos Cravos estava então a tomar... Reza a mesmíssima História que em consequência da acção dialética produzida nesse dia entre Revolução e Contra-Revolução, o General Spínola e 18 oficiais que lhe eram afectos fugiram seguidamente para Espanha. Talvez muitos não se recordem já de que 2 desses oficiais, os majores Monge e Almeida Bruno, foram nessa mesma noite descobertos por um piquete popular em Alcobaça, tendo fugido no sentido de Leiria e acabado por ser capturados perto da Lameira, após o que foram conduzidos para as instalações da G.N.R. em Alcobaça, então ainda situadas na Rua Frei Fortunato. Tudo o que se passou a partir dessa data é (ou deve ser) do conhecimento de todos nós e o que agora nos interessa é que, para o bem ou para o mal, passados quase 32 anos sobre a chamada Revolução dos Cravos, a Democracia portuguesa continua de pedra e cal, ou seja, está bem e recomenda-se!
Sendo assim, a finalidade principal deste "post" é informar os prezados visitantes deste blogue de que o Nas Faldas da Serra decidiu comemorar por sua conta e risco o 32º Aniversário do 25 de Abril. Essa comemoração iniciar-se-á na tarde da próxima quinta- feira, 16 de Março, dia em que passam precisamente 32 anos sobre o chamado Golpe das Caldas, epíteto pelo qual ficou conhecido o levantamento militar nessa data efectuado por tropas originárias do quartel de Caldas da Rainha. Esse levantamento acabaria por ser neutralizado, mas deixou no ar a esperança que acabaria por se confirmar precisamente um mês e nove dias depois, como (quase) todos sabemos...
E perguntarão agora os nossos prezados visitantes: - E em que é que consistirão essas comemorações promovidas pelo Nas Faldas da Serra? Pois é. Essas comemorações consistirão na publicação de poemas, de autoria de vários escritores portugueses (maioritariamente escritos e publicados antes da Revolução dos Cravos) , ao longo de vários dias, culminando com a publicação, a partir de 1 de Abril, neste mesmíssimo blogue, da edição "ne varietur" do conto histórico Uma Noite de Insónia, de autoria de José Alberto Vasco (eu mesmo). Esse meu conto histórico foi inicialmente publicado, com razoável sucesso, em exclusivo pelo Jornal Digital Tinta Fresca, entre 25 de Abril e 31 de Maio de 2002, continuando até agora a sua publicação única e exclusivamente levada a cabo pela via digital. A edição "ne varietur" que agora será publicada pelo Nas Faldas da Serra regista algumas alterações em relação à anterior, nomeadamente ao nível da sua rítmica, da sua pontuação e do seu próprio final...
E termino esta espécie de conferência de imprensa cibernáutica deixando aqui publicado o primeiro sinal simbólico dessas Comemorações do 32º Aniversário do 25 de Abril no blogue Nas Faldas da Serra. Esse sinal é a publicação de um poema de autoria daquele que é, indubitavelmente, o maior símbolo artístico daquilo a que aqui tomo a liberdade (já pouco original) de chamar o "Espírito de Abril". É um poema que fala de Liberdade, e essa é, sem dúvida, a maior das conquistas que o 25 de Abril nos proporcionou, para o bem e para o mal... Esse poema chama-se A Presença das Formigas, e apesar de ter sido escrito antes do 25 de Abril apenas foi publicado depois, precisamente no primeiro disco editado pelo seu autor, o inesquecível José Afonso, depois da Revolução de Abril: Coro dos Tribunais, que foi gravado em Londres, nos Estúdios Pye, entre 3o de Novembro e 8 de Dezembro de 1974. Aqui fica, para que conste:

A PRESENÇA DAS FORMIGAS

A presença das formigas
Nesta oficina caseira
A regra de três composta
Às tantas da madrugada
Maria que eu tanto prezo
E por modéstia me ama
A longa noite de insónia
Às voltas na mesma cama
Liberdade liberdade
Quem disse que era mentira
Quero-te mais do que à morte
Quero-te mais do que à vida

José Afonso