VITORIOSO FILHO
Inundaram-me os olhos de neblina;
calaram minha boca de lilás;
mutilaram meus seios com voraz
tenacidade e ímpeto de ruína.
Calaram a razão que me domina
universos de amor, justiça e paz.
E com marcas que o tempo não desfaz
mancharam o meu corpo de menina.
Na prisão dilatarm-se os meus ossos
e pari, na enxerga dos destroços,
ante a visão dum guarda áspero, vil.
Do meu ventre rasgado p'la verdade
nasceu um País Novo, a liberdade,
vitorioso filho, feito Abril!
GLÓRIA MARREIROS
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