POEMÁRIO DE 25 DE ABRIL
Liberdade.
Palavra cara aos olhos de
Quem tal não tem,
Infrutífera às mãos de
Quem tal em si nasceu.
Debulhada a cravos encarnados
Encontrando conquistados
Os tempos que hão-de vir
Meninos pequenos por sorrir:
O mundo constrói-se com imaginação!
Livres as gentes enxaguadas em lágrimas
E os filhos perdidos em savanas
Depois do oceano, além do mar;
Livres as ideias impressas às velas
E artistas escondidos nas vielas
Sujas, impróprias! más!, da cidade...
Livres povo e artistas de sonhar.
Parede branca e fria.
Branca alvor puro
Suor que as lavou às mãos
Escravas...
(silenciadas)
frio sangue negro disfarçado por mestrias colonas!,
a escravidão que tortura
os povos
descobertos na terra que
já conheciam.
E não somente imaginavam.
Saudade
Magna saudade do suor porvir
Memórias presentes escritas
Em rolos infindáveis de sentir
Quão vãs foram palavras ditas.
Tudo o que resta é ainda esperar...
Que nos tempos novos
Um sonho antigo traga consigo
De todas mais desejada:
-Prosperidade!
E palavras ditas ante princípios
De tempo sussurrados em eras
Iníquas, contrárias,
Cantem novamente
- liberdade, igualdade, fraternidade!
Noutras revoluções que, cá dentro,
Ousem tomar coragem para serem ouvidas.
ANTÓNIO JOSÉ BERNARDES
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