Durante quatro dias a VIII Mostra de Doces e Licores Conventuais de Alcobaça preencheu e animou uma grande parte do sector medieval do nosso Mosteiro de Santa Maria. Os visitantes deste blogue sabem que não morremos de amor pela ideia de levar eventos não certificados para o interior do nosso Mosteiro e aqui lavrámos o nosso protesto nesse sentido, numa postagem de 5 deste mês. Não temos nada contra o evento (nem os seus organizadores) nem contra o Mosteiro propriamente dito (antes pelo contrário!). Pensamos e defendemos é que Alcobaça deveria ter um Pavilhão Multiusos onde eventos desta dimensão e desta envergadura pudessem ser realizados, lembrando neste caso particular, que uma atenta observação histórica e literária desaconselhava claramente que aquele evento fosse organizado no interior de um mosteiro classificado pela Unesco (muito a custo!) como Património Mundial da Humanidade...
Todavia, "quem de direito" levou (muito) democraticamente a sua avante e, segundo rezam as crónicas, a edição deste ano da Mostra de Doces e Licores Conventuais de Alcobaça acabou por beneficiar do notável sucesso que os seus organizadores e apoiantes previam, não só em termos comerciais mas também em termos de visitantes do Mosteiro de Santa Maria durante aqueles quatro dias. Não consta que tenham partido ou estragado alguma coisa e, sendo assim, tudo bem!
Uma interpretação mais cuidada e atenta sobre o enquadramento filosófico desta VIII Mostra de Doces e Licores Conventuais de Alcobaça, revelou-nos também que 172 anos após a saída dos Monges de Cister de Alcobaça, a cidade conseguiu finalmente resolver um dos seus problemas históricos mais graves, ou seja, o seu Complexo de Édipo face à sua (con)vivência com o seu Mosteiro. E deverá registar-se que o conseguiu fazer sem matar o pai ou provocar o suicídio da mãe, como consta ter acontecido ao seu antecendente mitológico... Pois é. Alcobaça resolveu o seu Complexo de Édipo enchendo (muito liberalisticamente) o ventre da sua mãe de doces e licores, não se cansando de ali os visitar (e degustar) durante quatro dias... Após o estrondoso êxito deste evento, o Nas Faldas da Serra não tem (ainda) a certeza se o nosso Mosteiro se suicidará (como o fez Jocasta) ou se Alcobaça já matou o seu pai (como Édipo fez a Laio). Esperamos é que depois de digerir tantos ovos e tanto licor o nosso Mosteiro não fique com o colesterol muito alto ou com alguma doença de fígado... E o IPPAR com alguma dor de cabeça...
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2 comments:
Muito interessante, e oportuna, essa comparação com o complexo de Édipo....
É o resultado de ter nascido e vivido durante sensivelmente 50 anos numa terra tão característica que até tem (ou tinha?) problemas de ordem psicanalítica...
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