Já visitei inúmeras exposições. Dos mais diversificados géneros e tipologias. Durante muitos anos. Penso que chegou a minha hora de também apresentar uma exposição de minha autoria. E vou fazê-lo. Trata-se de uma exposição de onze painéis com uma série de 124 fotografias a cores sobre papel, que comemora vinte anos de colaboração na imprensa local, regional e nacional. Essa exposição intitula-se Zombie 5/12: The Return of The Living Dead! This is Not a Movie… Sendo apresentada ao público entre 1 e 15 de Dezembro de 2007, em Coz, no Bazar das Monjas. A ideia surgiu-me dos filmes de George Romero e da fotografia de John Baldessari. As minhas personagens aparentam ser naturezas mortas, estáticas, inertes… Todavia, receio que a noite lhes permita ganhar vida e circular por esse mundo fora… Chamo-me José Alberto Vasco e ficarei eternamente agradecido pela amável visita de todos os que pretendam compartilhar a minha suposta arte de representação visual. Vale?
Friday, November 30, 2007
ZOMBIE 5/12: THE RETURN OF THE LIVING DEAD! THIS IS NOT A MOVIE...
FESTIVAL AMAZING CLINIC PROMOVE AUTÊNTICA MARATONA DE DJ'S EM ALCOBAÇA
Sábado, 1 de Dezembro de 2007: SONY PLAYTATION . SINGSTAR LATINO- Apresentação oficial do jogo]+ R.ZINK [dj set]. A Sony Portugal junta-se ao Clinic para uma noite de celebração.O Concurso Singstar estará aberto à participação do público com apetecíveis prémios para os vencedores. Não deixa de ser mais um fim-de-semana muitíssimo aliciante no Clinic! É de ir!
MUSEU DA CIÊNCIA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COMEMORA 1º ANIVERSÁRIO
PORTUGAL JAZZ: GRANDE FESTA DO JAZZ NO CENTRO CULTURAL DE BELÉM
PROGRAMA:11H00 PALCO DO GRANDE AUDITÓRIO DO CENTRO CULTURAL DE BELÉM: Acção Didáctica “O Jazz trocado por miúdos” - ENTRADA LIVRE- 21H00
GRANDE AUDITÓRIO DO CENTRO CULTURAL DE BELÉM: Quartetos -Escola de Jazz do Barreiro, Hot Clube, ESMAE, Orquestra de Jazz de Matosinhos.
Para celebrar o primeiro ano desta iniciativa o “JACC – Jazz ao Centro Clube”, associação cultural responsável pelo Portugal Jazz, em parceria com o Centro Cultural de Belém, apresentam a “Grande festa do Portugal Jazz no CCB” que, no dia 4 de Dezembro, recuperará a fórmula repetida ao longo do festival oferecendo uma acção didáctica pela manhã e um grande concerto à noite. Convidámos a aclamada Orquestra de Jazz de Matosinhos, cuja actuação será antecedida por quartetos provenientes de três das maiores escolas de Jazz do país: Escola de Jazz do Barreiro, Escola de Jazz Luíz Villas-Boas – Hot Clube de Portugal e Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo (ESMAE).
Preços para o concerto das 21h00: Lugares sentados 10€ Lugares em pé € 6
O Nas Faldas da Serra aconselha e muito!
Thursday, November 29, 2007
OLGA PRATS LANÇA NOVO CD -PIANO SINGULAR- NA PRÓXIMA SEGUNDA-FEIRA
O espírito do barroco
1. Jean-Philippe Rameau (1683-1764): Les Tendres Plaintes - Rondeau [3'13'']
2. Georg Friedrich Haendel (1685-1759): Sarabande [2'10'']
3. Óscar da Silva (1870-1958): Dolorosa nº3 [3'03'']
4. Dmitri Chostakovitch (1906-1975): Prelúdio opus 87 nº1 [2'30'']
O espírito do romantismo
6. Franz Schubert (1797-1828): Trauerwalzer [1'54'']
7-10 Robert Schumann (1810-1856): Kinderszenen (Cenas Infantis), opus 15:
nº1 Von fremden Ländern und Menschen (De terras e gentes desconhecidas) [2'08'']
nº7 Traümerei (Sonhando) [2'51'']
nº13 Der Dichter spricht (Fala o Poeta) [2'49'']
nº9 Ritter vom Steckenpferd (Cavaleiro do cavalo de pau) [0'47'']
11. Johannes Brahms (1833-1897): Variações sobre um Tema de Paganini, opus 35 (2º caderno): Variação XII [1'48'']
12. Franz Liszt (1811-1886): En Rêve [2'36'']
O espírito ibérico
14. Padre José António [de San Sebastián] Donostia (1886-1956): Preludios Vascos: nº6 O 4;azez! - Dolor [1'48'']
15. Federico Mompou (1893-1987): Scènes d'Enfants nº5, Jeunes filles au jardin [3'18'']
16-18 Constança Capdeville (1937-1992): Visions d'Enfants:
nº3 Quand je serai soldat [0'42'']
nº4 Maman, j'ai vu dans la lune... [1'23'']
nº5 Humble danse des petits canards [1'22'']
19-20 Fernando Lopes-Graça (1906-1994): Cinco Embalos, LG 136 / 148:
nº4 [1'48''] *
O espírito da memória
21. Leoš Janáček (1854-1928): Na památku (Lembrança) [2'15'']
22. Luciano Berio (1925-2003): 6 Encores, nº3: Wasserklavier (Piano de água) [3'04'']
23. Arvo Pärt (n. 1935): Variationen zur Gesundung von Arinuschka (Variações para a convalescença de Arinuschka) [4'33'']
O espírito do povo
24. Heitor Villa-Lobos (1887-1959): Chôro Típico nº1 (Chora violão) [4'01'']
25. João Maria Blanc de Castro Abreu e Motta (1914-1959): Olhos Negros - Fado [3'32''] *
26. Astor Piazzolla (1921-1992): Chris-talin - Tango [2'43'']
O espírito do futuro
28-29 Sara Claro (n. 1986): Nove Pequenas Peças
nº7 Balada [2'21''] *
nº9 Momento III [0'27''] *
30-31 Sérgio Azevedo (n. 1968): Duas Borboletas para Olga (para 2 pianos)
nº1 Tango Dolorido [2'11''] *
nº2 Valsa Realejo [1'59''] *
* estreias discográficas absolutas
Texto para CD “Olga Prats – Piano Singular”
A Poesia Dentro de um Piano
Fazendo jus ao título deste CD (Muito próximo do título do livro que a editora Bizâncio publicou em Maio de 2007), Olga Prats conduz-nos numa viagem poética através do universo infinito da música escrita para teclado, uma viagem de três séculos e meio, que aqui se inicia com Rameau e Haendel, para continuar no presente com Berio e Piazzolla, e apontar para o futuro com Sara Claro. Uma viagem sem barreiras de estilos, épocas ou credos estéticos que, lado a lado com as formas clássicas da sarabanda, da gavota, da variação e do prelúdio, faz ouvir o fado, o tango, a valsa e o chorinho brasileiro.
Nesta viagem, como no vasto oceano, a linha do horizonte encontra-se sempre à mesma distância, por muito que na sua direcção caminhemos. Viagem sem rumo nem fim. Olga Prats detém-se no caminho, explora algumas veredas, afasta-se – por vezes quilómetros – do itinerário mais frequentado, Bach, Schumann, ou Brahms (que aceita, ainda assim, como a base do seu percurso), para conhecer – e nos dar a conhecer – clareiras e arvoredos esconsos, mas nem por isso (ou talvez por isso mesmo) menos belos: uma peça tardia de Liszt, uma raridade de Wagner, uma bagatela inspirada pela memória amorosa de Janacék, um quase que teatro musical em miniatura escrito por uma Constança Capdeville adolescente, ou um tango e uma valsa de Sérgio Azevedo dedicados a Olga Prats na forma de Duas Borboletas para Olga, essas criaturas evanescentes, símbolos de uma poesia alada e frágil, que a pianista tanto admira.
Este “piano singular” podia, aliás, intitular-se igualmente (usurpando o título de um dos ciclos pianísticos mais poéticos de Janacék), Por um caminho relvado, tal é a poesia romântica e misteriosa que se eleva das obras, escolhidas segundo critérios totalmente opostos à banal programação da maior parte de discos e concertos, que se obstinam em seguir apenas pelos caminhos já estafados do repertório, o qual, de tão explorado na mesma direcção, esconde a verdadeira riqueza e grandeza cósmica de um “corpus” absolutamente sem par em qualquer outro instrumento. Não houve praticamente um compositor, maior ou menor, que não tenha dedicado peças, uma que fosse, ao piano (ou ao cravo, o que vai dar ao mesmo, sendo que muito do repertório cravístico funciona igualmente bem, senão melhor, no piano moderno), sendo Berlioz, Verdi e Puccini as excepções clamorosas que confirmam a regra.
Para além do elevado número de obras para ele escritas, o piano, instrumento de eleição de maior parte dos compositores enquanto auxiliar da criação, serviu também de “diário” musical, diário onde os pensamentos mais profundos, íntimos e elevados encontraram a sua “madre” e aí fecundaram. Não admira pois, que compositores menos célebres, ou até de segundo plano, tenham igualmente deixado música admirável de poesia para o instrumento, e mesmo entre os não pianistas – como Wagner, conhecido sobretudo pelos seus dramas operáticos e pela técnica orquestral – tenham existido momentos sublimes imaginados para um instrumento que, ou não tocavam de todo, ou dominavam muito mal. A Chegada dos Cisnes Negros, desse mesmo Wagner, consegue em alguns minutos de música transformar o solitário piano num Bayreuth em miniatura, e as três vezes que o tema se faz repetir, no início e fim da peça, antecipam o Tristão e as três enunciações do presságio da morte com que se abre o audacioso terceiro acto do mais audacioso e romântico drama musical alguma vez escrito.
Não obstante a beleza que se desprende destas páginas, quantas vezes deparamos com uma tal obra programada? Ou com o enigmático En rêve, do velho Liszt? Ou ainda com esse hino à memória amorosa, nostalgia de um tempo irrecuperável, que é Recordação, de Léos Janacék, a última obra que o velho mestre escreveu, antes de se embrenhar debaixo de uma tempestade nos bosques morávios à procura do filho de Kamila, por amor de quem virá a falecer depois de uma pneumonia contraída nessa busca insana? E que dizer das despojadas e tragicamente simples Variações para a convalescença de Arinushka, de Arvo Pärt, escritas para a filha doente do compositor, do enigmaticamente aquático Wasserklavier de Luciano Berio, dedicado a um amigo querido, ou da liberdade agógica do maravilhoso Where have I known you before de Chick Corea?
São alguns destes tesouros de uma história da música muito diferente da história da música sem imaginação que povoa a maior parte das programações pianísticas, que Olga Prats nos oferece neste registo íntimo, pessoal, e inequivocamente singular, como ela também o é.
© Sérgio Azevedo, 2007 para Trem Azul
O Nas Faldas da Serra ainda não ouviu o CD, mas não hesita em aconselhá-lo aos seus visitantes e amigos. Sem espinhas!
ORQUESTRA SINFÓNICA ESART ACTUA NESTA SEXTA-FEIRA EM PALMELA
SOCIEDADE FILARMÓNICA HUMANITÁRIA DE PALMELA
apresenta
ORQUESTRA SINFÓNICA ESART
(Escola Superior de Artes Aplicadas)
30 NOV 2007 | 21.30H
- ENTRADA LIVRE -
Não vamos, mas aconselhamos!
Av. Doutor Godinho de Matos. 2950-252 Palmela -
Wednesday, November 28, 2007
RESTAURAÇÃO ROCK PARTY COM OS ENA PÁ 1640 EM LISBOA, NO MAXIME
TEATRO CLIP CONTINUA ATÉ 2 DE DEZEMBRO NO TEATRO TABORDA
« Teatro-clip é a nova peça do Teatro da Garagem, escrita e encenada por Carlos J. Pessoa. O conceito formal que atravessa as diferentes histórias desta peça é, como se deduz do título, o conceito de clip, ou melhor, de video-clip. Um video-clip é um número musical acompanhado de imagens que suportam, interpretam, exemplificam ou contradizem esse número musical, socorrendo-se para isso de características, mais ou menos comuns, a todos os video-clips: o ritmo descontínuo e fragmentado das imagens (clip significa corte); a coexistência de diferentes planos temporais e de acção; a repetição de um leit-motiv; a urgência de uma mensagem iconográfica e sonora e de uma paisagem emocional que, embora ambíguas ou não directas, se apresentam e experienciam num curto espaço de tempo, num instante ou momento. «São estas ideias que conferem uma unidade formal e conceptual aos diferentes clips de Teatro-clip que, não obstante serem suficientemente autónomos entre si, apresentam, no entanto, um nexo comum, isto é, todos eles se constituem, de algum modo, como histórias de amor, através de um estilo que se aproxima mais do registo poético do que do registo dramático. Teatro-clip é, por isso e sobretudo, uma genealogia do que pode ser amar ou ter um projecto, que é outra forma de dizer, que o simples acto de viver e realizar acções constituem um acto de amor, mesmo que isso, às vezes, implique a morte, a espera, a ingenuidade, a angústia, a dúvida, a recusa, o êxito, a loucura desmedida e a surpresa de cada dia, que assegura a nossa existência aqui e agora. » (David Antunes, fonte: site do Teatro da Garagem).
O Teatro da Garagem fica no Teatro Taborda, na Costa do Castelo, 75, em Lisboa... E a verdade é que vale mesmo a pena assistir a este espectáculo. Vale?
KLANGFORUM WIEN INTERPRETA NOVOS COMPOSITORES AUSTRÍACOS NA FUNDAÇÃO GULBENKIAN
O FAZEDOR DE TEATRO NO CENTRO CULTURAL DE BELÉM
Tuesday, November 27, 2007
FESTIVAL LOS ANGELES SONIC ODISSEY ESTREIA DUAS NOVAS COMPOSIÇÕES DO ALCOBACENSE PATRÍCIO DA SILVA
JÁ NÃO HÁ MAÇÃS NO PARAÍSO, O NOVO LIVRO DE MAX TILMANN
Feedback(s): É na terra que tudo se constrói, mesmo as possíveis representações do céu. Se no livro anterior Max Tilmann invocava as palavras do profeta Jeremias, colocando a memória e a responsabilidade no centro de toda a hipótese de redenção, neste novo opúsculo é de William Blake a epígrafe que fornece as linhas de leitura: “O que é o homem?/ Toda a Luz que o Sol mostrar/ Depende do nosso Olhar”. As composições que mostram pessoas em diferentes momentos da sua vida sexual e da expressão do seu corpo – e que poderiam corresponder a uma ideia literal do ‘pecado original’, a maçã que expulsou Adão e Eva do paraíso – alternam em sequência com as imagens que parecem elencar os pecados do mundo: terrorismo, discriminação racial, estigmas sociais, doença mental, perigo nuclear, tudo o que a cruz não redimiu (e por vezes, assumida noutros sentidos, apenas agravou). Não há paraíso algum quando olhamos à volta, quando acompanhamos a sequência de imagens de Tilmann. Dependerá do nosso olhar, como se lê em William Blake, e dependerá sobretudo do que pudermos fazer com a responsabilidade e a memória do mundo que se encontram no eixo da retórica plástica e narrativa de Tilmann. Mas para o olhar que literaliza a ideia do pecado original, a maçã é apenas uma maçã, e muito provavelmente estará putrefacta. (pontuação máxima 10) Sara Figueiredo Costa / Os Meus Livros ... Se a maçã (do Paraíso) deve ser entendida como não somente o fruto proibido mas como aquele fruto que nos daria acesso ao conhecimento do Bem e do Mal, ou seja, um Verdadeiro Conhecimento, e portanto Para Além do Bem e do Mal, então poderemos ler este título de ecos tão bíblicos quanto o anterior como indicando ser possível um retorno ao Paraíso, através, quiçá, da sua reconstrução na terra, permitida pela tecnologia (um Paraíso 2nd life?), mas no qual jamais se poderá esperar reencontrar esse acesso, pecaminoso ou não. Não é possível saber. Tudo nos é permitido, mas é-nos vedado ser. (...) Pedro Moura / Ler BD
É de comprar e ler de fio a pavio!
Monday, November 26, 2007
AUDIBLE ARCHITECTURE (INCLUINDO ALCOBACENSE HUGO TRINDADE) APRESENTA SOUL TALK EM LISBOA, NO HOT CLUBE DE PORTUGAL
ZOMBIE 5/12: THE RETURN OF THE LIVING DEAD! THIS IS NOT A MOVIE...
Já visitei inúmeras exposições. Dos mais diversificados géneros e tipologias. Durante muitos anos. Penso que chegou a minha hora de também apresentar uma exposição de minha autoria. E vou fazê-lo. Trata-se de uma exposição de onze painéis com uma série de 124 fotografias a cores sobre papel, que comemora vinte anos de colaboração na imprensa local, regional e nacional. Essa exposição intitula-se Zombie 5/12: The Return of The Living Dead! This is Not a Movie… Sendo apresentada ao público entre 1 e 15 de Dezembro de 2007, em Coz, no Bazar das Monjas. A ideia surgiu-me dos filmes de George Romero e da fotografia de John Baldessari. As minhas personagens aparentam ser naturezas mortas, estáticas, inertes… Todavia, receio que a noite lhes permita ganhar vida e circular por esse mundo fora… Chamo-me José Alberto Vasco e ficarei eternamente agradecido pela amável visita de todos os que pretendam compartilhar a minha suposta arte de representação visual. Vale?
LANÇAMENTO DE UM NOVO LIVRO QUE PROMETE MARCAR A DIFERENÇA: A CRIANÇA E O HOSPITAL
LENA D'ÁGUA DÁ FACADINHA NO MATRIMÓNIO, EM LISBOA, NO MAXIME
Sunday, November 25, 2007
MOVIMENTO ANTI-TGV EM ALCOBAÇA JÁ TEM UM BLOGUE!
25 DE NOVEMBRO DE 1975: O FIM DO SONHO OU O INÍCIO DE UM NOVO PESADELO?
Os visitantes e amigos deste blogue lembrar-se-ão ainda certamente das postagens que aqui foram publicadas em 30 de Junho, 21 de Julho e 16 de Agosto deste ano, relembrando momentos fulcrais daquele período em Alcobaça. Ainda ontem, se registou na Rádio Cister de Alcobaça uma muito bem sucedida emissão especial do programa Publicamente, realizado e apresentado por Piedade Neto, que foi dedicada àquele período. Os convidados daquela emissão foram José Alberto Vasco, José Costa Pombo, Paulo José Moniz e Rui Baltazar, cujos testemunhos sobre aquela época em Alcobaça foram inquestionavelmente muito interessantes e esclarecedores, embora ainda tivesse ficado muita coisa por esclarecer...
Quanto a mim, José Alberto Vasco, a verdade é que tal como já aqui escrevi, iniciei o Verão Quente de 1975 como activo simpatizante organizado de um movimento trotzquista fundado em Coimbra, em Dezembro de 1973, a LCI, que era àquela época o maior e mais activo movimento de extrema-esquerda em Alcobaça. Curiosamente, muitos anos depois, dois dos seus activistas acabariam por ser Presidentes da Assembleia Municipal de Alcobaça, eleitos em representação do PSD. Tal como escrevei numa das postagens anteriormente referidas, o desenrolar daquele período, o chamado PREC (Processo Revlucionário em Curso), acabou por lentamente desencadear em mim um não menos enriquecedor período de reflexão interna e pessoal, durante o qual fui colocando muitas dúvidas a mim mesmo sobre as fundamentações da minha actividade política... Acabei por abandonar toda a actividade política que havia exercido em termos de organização partidária, enveredando por outro género de actividade, apenas enquadrado na defesa de motivações sociais. Uma dessas, foi, àquela época, a da organização de um movimento que lutava pela implantação do 7º ano (posteriormente 11º) liceal nocturno na Escola Secundária de Alcobaça. Foi essa a mtivação que me fez então deslocar várias vezes a Lisboa, ao Ministério da Educação, juntamente com outros elementos daquele movimento. Infelizmente, uma dessas deslocações acabaria por quase ficar definitivamente marcada pela morte, quando em 15 de Outubro desse ano, eu, o Carlos Sousa, o Vítor Pedrosa e o Duarte Areias nos dirigíamos a uma dessas reuniões no Ministério da Educação em Lisboa. Tivemos então um gravíssimo acidente de viação, na Ota, e ainda hoje parece impossível, ver o estado em que o Morris em que nos deslocávamos ficou e saber que os seus quatro ocupantes dali saíram cm vida, após violent embate contra um potente camião... A última coisa de que me lembro nesse dia foi de termos tido um furo, em Alcoentre, no cruzamento da Ponderosa. Pouco tempo depois ter-se-ia registado o tal violento embate, de que não me recordo, em virtude de um traumatismo craniano então sofrido ter apagado em mim a memória desses terríveis instantes, de que saí também com um braço partido. Vivi então alguns dias entre a vida e a morte, primeiro no Hospital de Vila Franca de Xira e depois no Hospital de Santa Maria. Conheço pelo menos duas pessoas que então telefonaram para esses hospitais e a quem responderam que eu já havia morrido... Felizmente, tanto eu como os meus três empenhados amigos sobrevivemos a esse acidente, embora na minha memória apenas subsistam os dias a partir da segunda quinzena de Novembro, quando regressei a casa dos meus pais, em Alcobaça, já livre das piores consequências físicas daquele acidente, mas ainda em fase de recuperação. Foi assim que o dia 25 de Novembro me apanhou de braço a peito... Recordo-me de que era um dia de chuva, escuro como o são muitos dias de Novembro... Quando saí de casa e cheguei à rua, dirigindo-me ao café do Arco de Cister, fui-me apercebendo, pouco a pouco, de que algo de muito grave se passava nesse dia em Portugal... E eu, vageando por Alcobaça, de braço ao peito, quase sem saber o que fazer ou o que me poderia acontecer... Fui acompanhando, muito apreensivo, o desenrolar dos acontecimentos desse dia... E a verdade é que então me apercebi, algo difusamente, que certamente se chegara ao fim de um sonho e muito provavelmente ao início de um novo pesadelo... Felizmente, acabaria por também me aperceber, mais claramente, de que o futuro de Portugal se começara finalmente a desenvolver a partir desse dia escuro e tão agitado...