Friday, August 18, 2006

BOLETIM MUNICIPAL- HÁ CINCO ANOS AO MEU LADO!

Cinco anos e quinze edições depois, lá estava ele mais uma vez ao meu lado, ontem à tarde, na minha caixa do correio... Escrevo sobre o boletim municipal do nosso concelho, o de Alcobaça, cuja primeira edição surgiu nos nossos receptáculos postais em Agosto de 2001, então sob a designação de Alcobaça- Revista do Município. Assinalava então uma tiragem de 30.000 exemplares e embora o seu conteúdo e o seu grafismo não fossem nada do outro mundo, cumpria finalmente uma indispensável função informativa, cuja principal vantagem era então a de anteriormente nunca ter existido nada de semelhante neste concelho!... Embora a sua edição seguinte apenas assinalasse 15.000 exemplares, a verdade é que, embora ondeando entre alguns altos e alguns baixos, o nosso boletim municipal lá foi conseguindo metodicamente manter os seus propósitos, primeiro trimestralmente e depois quadrimestralmente, sem falhar... A edição seguinte, em Julho de 2002, assinalaria nova redução de tiragem, para 8.000 exemplares, que se manteria em Novembro do mesmo ano. Em Abril de 2003, a Revista do Município de Alcobaça ganharia novamente coragem para dar um grande salto em frente, passando a assinalar uma tiragem de 20.000 exemplares, que tem orgulhosamente mantido até à actualidade! Na sua edição de Agosto de 2003, a ficha técnica do boletim municipal da Câmara Municipal de Alcobaça tratava finalmente as pessoas pelos seus próprios nomes, nela figurando pela primeira vez os nomes de José Gonçalves Sapinho como Director, de Eduardo Nogueira como Coordenador Editorial e de Ana Lúcia Alves como responsável pelo seu Design Gráfico.
Em Abril de 2005, a edição nº 11 do nosso boletim municipal assinalava uma alteração no seu título, passando a chamar-se, apenas dessa vez: Revista Informativa- Câmara Municipal de Alcobaça, alteração essa que não foi acompanhada de qualquer modificação de conteúdo ou de nível gráfico. Em Agosto de 2005, aquela alteração de título sofreria um ligeiro acerto, passando então o nosso boletim municipal a chamar-se Revista Informativa- Município de Alcobaça, designação ainda mantida no exemplar de Agosto de 2006 que ontem à tarde simpaticamente aterrou na minha caixa de correio...
Entreti-me esta tarde a reler e reapreciar o conteúdo textual e fotográfico das quinze edições já publicadas pelo nosso bolteim municipal, e a verdade é que, além de ele durante estes cinco anos ter cumprido a sua missão informativa, penso que o seu conteúdo estético e formal podia ter sido muito melhor e mais convincente. Exemplo disso são outros notáveis e inspiradores boletins municipais publicados noutras cidades do nosso país, de entre os quais destaco há alguns anos o Porto de Encontro, da Câmara Municipal do Porto, e o Margem 2, da Câmara Municipal do Funchal, ambos de qualidade literária e histórica verdadeiramente exemplar! No nosso boletim municipal tem por exemplo faltado a colaboração de autores exteriores à sua redacção, campo de análise em que um texto do Maestro José Atalaya publicado na sua edição de Agosto de 2003 foi a honrosa e meritória excepção que (infelizmente) cumpriu a regra... Já temos então boletim municipal, ao qual, embora parecendo continuar de pedra e cal, penso continuar a faltar o tal golpe de asa que o consiga fazer ser muito mais do que isso! Isto não é nemhum desafio, é apenas uma constatação escrita por um leitor e coleccionador (mais ou menos) atento...

Thursday, August 17, 2006

NEW KIDS ON THE BLOG!

Na semana em que consta irá ser finalmente inaugurado o ansiado portal da Câmara Municipal de Alcobaça, apercebi-me de que desde o passado dia 9 de Julho temos um novo companheiro alcobacense na blogosfera. Trata-se de um blogue inaugurado pelo jornal digital Tinta Fresca, tarimbado companheiro das lides jornalísticas que agora também ganhou coragem para se lançar no mais democrático meio de informação universal, criando um blogue cujo endereço é:
http://bloguetintafresca.blogspot.com
Pena é que por enquanto apenas lá conste o texto de apresentação do referido blogue... Espera-se agora que Mário Lopes e os seus companheiros arranquem em força com os seus posts, despertando a atenção crítica dos cibernautas mais contestatários cá do burgo e arredores!

Wednesday, August 16, 2006

UM POEMA NEGRO DO POETA MESTIÇO CUBANO NICOLÁS GUILLÉN

BALADA DE SIMÓN CARABALLO

Canta Simón:
- Ai, eu tive uma casita
e uma mulher!
Eu,
negro Simón Caraballo,
nem tenho hoje o que comer.
A mulher morreu de parto,
a casa se hipotecou:
eu,
negro Simón Caraballo,
não toco, nem bebo ou bailo,
nem quase já sei quem sou.
Eu,
negro Simón Caraballo,
hoje durmo num portal;
a almofada é um ladrilho,
minha cama o chão a faz.
A sarna come-me em vida,
reumático me prende o pé;
lua fria toda a noite,
madrugada sem café.
Não sei que faça co'os braços,
mas hei-de encontrar o quê:
eu,
negro Simón Caraballo,
mantenho os punhos cerrados,
mantenho os punhos cerrados,
e preciso de comer!
-Simón, que lá vem o guarda
com seu cavalo de espadas!

(E Simón fica calado)
- Simón, que lá vem o guarda
com suas esporas de lata!
(E Simón fica calado)
- Simón, que lá vem o guarda
com o pau e a pistola,
e com o ódio na cara,
porque já te ouviu cantar
e vem-te bater nos lombos,
cantador de cantos velhos
marido de uma guitarra!...
(E Simón fica calado)

Chega um guarda de bigodes,
sério e grande, grande e sério,
a trote em sua pileca.
- Simón Caraballo, preso!

(Porém Simón não responde
porque Simón está morto)

NICOLÁS GUILLÉN

Sunday, August 13, 2006

PROVAVELMENTE A HISTÓRIA NÃO O ABSOLVERÁ...

O ditador cubano Fidel Castro comemora hoje o seu 80º aniversário. Desses seus 80 anos de vida, 47 foram passados como dirigente máximo de Cuba. Embora o tivesse anteriormente prometido, nunca realizou qualquer género de eleições nem nunca permitiu qualquer género de liberdade política ou de imprensa no seu país... O seu regime confirmou ainda a sua tendência machista, nunca tendo permitido qualquer relevância política ao sexo feminino. Curiosamente, poucos reclamaram o facto de que nesse mesmo regime sempre tivesse sido predominante a raça branca, minoritária em Cuba... Com razoável sucesso propagandístico universal, Fidel elegeu como principal inimigo os Estados Unidos da América, o que lhe grangeou acenos e simpatias de muito boa gente por esse mundo fora... Talvez por isso, foi ontem divulgada em Cuba uma declaração assinada por 400 intelectuais de todo o mundo (entre os quais os portugueses José Saramago e Boaventura Sousa Santos) protestando contra uma hipotética invasão de Cuba pelos norte-americanos, caso Fidel, recentemente operado, acabasse por falecer após essa intervenção cirúrgica...
Acho muito curioso que (ainda) haja 400 intelectuais que assinem um documento daquele género. Muitos deles são escritores e jornalistas. Tipo de pessoas a quem Fidel nunca concedeu qualquer espécie de liberdade. Antes pelo contrário... Ao longo de quase cinco décadas, o regime liderado por Fidel tem mesmo oprimido e violentado inúmeros escritores e jornalistas cubanos. Nem mesmo o escritor francês Pierre Golendorf escapou às suas garras, curiosamente numa altura em que ainda militava no Partido Comunista Francês... Pelas prisões de Fidel passaram poetas cubanos como Jorge Valls, Armando Valladares ou Herbero Padilla, tendo mesmo este último sido por si obrigado a uma humilhante retratação, bem à maneira do que Estaline e o seu feroz comissário político Jdanov haviam algumas década antes feito ao compositor Dmitri Chostakovitch... Pelas torturas e prisões de Fidel passaram também jornalistas como Carlos Franqui, José Pardo Llado e Raúl Rivero Castañeda, e ainda há três anos a chamada "Primavera Negra de Cuba" levou à prisão de 75 oposicionistas de Fidel, dos quais 25 eram jornalistas, dos quais 5 ainda se encontram presos... A mesma (má) sorte tiveram sindicalistas cubanos como David Salvador e Francisco Miralles, que não fizeram mais que lutar por um sindicalismo livre no seu país...
Acho ainda muito curioso que muito boa gente gabe o suposto ascetismo de um homem que frui uma praia privativa e um luxuoso iate, não se coibindo de fumar charutos da melhor qualidade quando a maioria dos cubanos apenas tem ao seu alcance tabaco da pior qualidade e na menor quantidade possível. Fidel não dispensa também que as suas aparentemente modestas fardas sejam costuradas por um dos melhores estilistas e no melhor tecido de gabardina britânico...
Termino referindo insuspeitos escritores que ao longo de muitos anos protestaram contra a feroz repressão exercida pelo regime de Fidel Castro sobre os intelectuais cubanos: Eugéne Ionesco, Mario Vargas Llosa, Pier Paolo Pasolini, Jorge Luis Borges, Susan Sontag, Jorge Semprun, Camilo José Cela, Fernando Arrabal. A todos eles Fidel chamou posteriormente "Agentes da C.I.A."... Mas até mesmo o seu grande amigo Gabriel Garcia Marquez, muitas vezes acusado de silêncio cúmplice face aos desmandos de Fidel, protestou publicamente em 2003 contra a repressão então exercida durante a deprimente "Primavera Negra"...
Penso que contrariamente ao que o próprio uma vez proferiu, nem a História nem o povo do seu país alguma vez o absolverão! Pelo contrário, não tardará muito que o seu "Krutchev" surja em Cuba e seja o primeiro a denunciá-lo e condená-lo publicamente. Talvez então já seja tarde de mais para uma das mais temíveis ditaduras do século XX...