Wednesday, June 07, 2006

O XXVIII ANIVERSÁRIO DE UM RANCHO PARA TODO O TERRENO!

É já no próximo fim-de-semana, a 10 e 11 de Junho, que o Rancho Folclórico dos Moleanos comemora o seu vigésimo-oitavo aniversário. Essa comemoração engloba ainda a 3ª Mostra de Produtos Alcobacenses e um Festival Todo o Terreno, bem como um dos habituais almoços-convívio, em que o Lagar do Barreirão, actual sede daquele rancho folclórico, receberá os seus amigos e convidados, que não são assim tão poucos, atraídos não só pela amizade e estima que os une àquela instituição mas também pela absolutamente divinal Sopa de Pedra que ali costuma ser servida... Além de dois animados bailes e da apresentação dos novos elementos da sua Escola de Música, este aniversário dessa autêntica instituição todo o terreno que é o Rancho Folclórico dos Moleanos ficará também assinalada pela realização de movimentados percursos TT e BTT, bem como pelo especialíssimo Passeio Turístico de Carros Antigos e Vespas "Quem Passa Por Alcobaça". Além de tudo isso, que já não é assim tão pouco, haverá ainda lugar para exposições de cerâmica, fotografia e pintura, além de uma em que será novamente exposta uma parte importante de uma das maiores riquezas etnográficas do concelho de Alcobaça: o autêntico Museu do Trajo que este rancho possui e mantém, que é de uma valia e qualidade tão indiscutíveis como a de toda a história de um rancho folclórico que se orgulha de ser um "fiel representante da Etnografia e Folclore da Alta Estremadura", sendo membro de pleno direito da Federação do Folclore Português e do Inatel.
E como por trás de uma grande instituição está sempre um grande homem, ele é, neste caso, o simpático e empreendedor Paulo Palmeira, actual presidente da direcção do Rancho Folclórico dos Moleanos. Ele é a alma e o motor daquela instituição, e apesar de ser um homem de baixa estatura é um Homem com um H tão grande como a Serra dos Candeeiros, em cujas faldas vive e trabalha, de ainda antes do nascer da manhã até muito depois do cair da noite, sempre com o seu motivador sorriso nos lábios e a férrea vontade de fazer alguma coisa pela cultura da região onde vive. Escusado seria escrever que o Paulo é um dos heróis do Nas Faldas da Serra, que nunca se cansará de elogiar um simpático rapaz que se levanta da sua cama todas as manhãs, às 5 horas, para ir pastar as suas simpáticas cabrinhas e depois produzir os belos queijos da sua fábrica, tendo tudo isso já feito por volta das 9 da manhã... Ou seja, quando muitos de nós ainda se estão a levantar da caminha, já o Paulo se fartou de trabalhar. E a sua vida laboral não pára aí, pois é por volta dessas mesmas 9 da manhã que ele pega ao serviço na pedreira onde trabalha para mais um dia ao serviço da economia nacional. Felizmente ainda há gente assim!
Muitos parabéns ao Rancho Folclórico dos Moleanos!!!

Tuesday, June 06, 2006

ONDE ESTARÁ O RAIO DO CONCERTO?

Um senhor meu conhecido, reformado da Crisal, encontrou-me hoje na rua e contou-me uma história que achei interessante aqui publicar. O referido senhor havia-me ouvido elogiar, aos microfones da Rádio Cister, o espectáculo da Capela Joanina apresentado na Sala do Capítulo do Mosteiro de Alcobaça na tarde do passado domingo. Vivendo na Bemposta, o meu amigo decidiu que havia de seguir o meu conselho e que nessa tarde havia de meter pés ao caminho, direito ao Mosteiro de Alcobaça. Assim o pensou e assim o fez. Só que, tal como hoje me contou: chegado ao Rossio não viu colocada qualquer indicação sobre o local do concerto e, encaminhando-se para o Mosteiro, andou numa autêntica roda viva entre a Ala Sul, a Ala Norte e a Nave Central do dito edifício, sem ter conseguido ver qualquer indicação e sem conseguir saber qual o caminho certo para o local do concerto. Acabou por desistir, ficando mesmo cheio de pena... E com mais pena ficou, depois de ontem à tarde ter ouvido o muito abonatório comentário crítico que fiz na mesmíssima emissora radiofónica sobre o mesmíssimo concerto...
Moral da história: não teria sido nada mau que a organização do Cistermúsica tivesse assinalado muito melhor os locais dos seus concertos pelas ruas e praças da cidade. a fim de que pessoas como o senhor cuja história aqui conto também lá tivessem podido estar...

Monday, June 05, 2006

NOTAS BASTANTE SOLTAS, EM BOM RITMO, SOBRE O SEXTO ESPECTÁCULO DO CISTERMÚSICA 2006

Em boa hora me desloquei ontem à tarde à Sala do Capítulo do Mosteiro de Alcobaça, para assistir ao sexto espectáculo do XIV Festival de Música de Alcobaça. Sete anos depois de ter actuado pela primeira vez no Cistermúsica, voltou ontem a actuar no festival o cravista e organista João Paulo Janeiro. Em 1977, ele estivera no Cistermúsica dirigindo o Grupo de Música Antiga Flores de Música, num concerto em que foram interpretadas composições de Haendel e Haydn, mas do qual não ficou infelizmente registada qualquer memória crítica... Neste seu (muito) feliz regresso ao Cistermúsica, João Paulo Janeiro dirigiu o nóvel agrupamento vocal de solistas Capela Joanina, num concerto tematicamente delineado em torno de Percursos do Sagrado e do Profano na Música Vocal dos Séculos XVI, XVII e XVIII. Tal como na noite anterior, o público acorreu em maior número que na semana passada, tendo ali fruido um excelente e muito bem cuidado espectáculo, em que além de aquele agrupamento ter confirmado ser um ensemble de boas vozes e boa conjunção entre os seus naipes, teve ainda o especial condão de ter apresentado o seu concerto num ritmo muito adequado, sem grandes perdas de tempo entre os vários temas interpretados, facto nem sempre registado em espectáculos deste género... De entre os vários elementos da Capela Joanina merece aqui uma nota muito especial o tenor Marco Alves dos Santos, que novamente actuou em excelente nível na nossa cidade, um ano depois de no Cistermúsica 2005 nos ter deliciado com um vocal e cenicamente irrepreensível Nereu, no elenco da ópera barroca de marionetas As Variedades de Proteu. Isso mesmo ele ontem demonstrou, a solo, na sua interpretação do moteto O Dulcíssima Maria, de Ludovico da Viadana, no qual a sua voz e o seu canto assentaram que nem uma luva: belíssimo! Mereceram também naquele concerto especial referência e apreciação as interpretações da ensalada La Justa, de Mateo Flecha, The Elder, e do responsório Dixit Dominus, de Francisco António de Almeida, com cuja interpretação terminou um belo concerto, no qual tudo bateu mesmo muito certo, sem especiais delongas e tempos perdidos... Foram mesmo uns minutos muito bem utilizados e apreendidos, deixando no ar um cheirinho do melhor que nos tem dado a História do Cistermúsica. Sem espinhas!

Sunday, June 04, 2006

A NOVA MODA DE MISTURAR MÚSICA COM PAPELINHOS DE REBUÇADO...

Durante muitos anos fui uma daqueles convictos espectadores que se aborreciam mesmo com aquele espécie de uso e costume de muitas pessoas fazerem gala em chegar atrasadas aos concertos, tentando mesmo entrar na sala durante os ditos; ou de não desligarem os telemóveis, atendendo mesmo as suas chamadinhas durantes os próprios espectáculos; ou aquela autêntica praga de gentinha a tossir nos intervalos das músicas ou entre os andamentos... É engraçado, embora não tenha mesmo graça nenhuma, que essas modas ou usos e costumes tenham agora dado lugar a uma outra, não menos irritante, que é a de umas senhoras muito bem postas se porem a desembrulhar os seus rebuçadinhos enquanto os próprios músicos actuam e os outros espectadores tentam ouvir... Não há por aí ninguém que as mande para casa, matar moscas e passar a roupinha a ferro?

NOTAS MESMO MUITO SOLTAS SOBRE O QUINTO ESPECTÁCULO DO CISTERMÚSICA 2006

O recital de ontem à noite, no Cine-Teatro de Alcobaça, era muito provavelmente o espectáculo aguardado com maior expectativa neste XIV Festival de Música de Alcobaça. Até por mim, que há quatro anos, quando estava prevista a primeira actuação de Artur Pizarro neste festival, tive o azar de essa data ter coincidido com a de umas minhas férias na Europa Central. Contudo, motivos de inesperada doença obrigaram então a uma substituição de Artur Pizarro por António Rosado, e, conequentemente uma alteração de programa. Acabei por não perder o Pizarro e até tive então a suprema sorte de poder assistir a um concerto no Musikverein, em Viena, no qual foi unicamente interpretada música de Mozart. Guardado estava então o bocado para quem o haveria de ouvir e foi com agradével satisfação que soube que desta vez é que era, ou seja, que Artur Pizarro veio finalmente actuar no Cistermúsica. E de que maneira tão boa o fez!
Os visitantes deste blogue terão certamente acompanhado a minha recente troca de mimos com o actual Director Executivo do Cistermúsica e muitos de vós estariam até certamente à espera que aqui viesse hoje postar com a língua afiada contra o recital de ontem, caso estivessem de acordo com o Rui Morais quando ele escreveu que eu este ano tinha cedido à inveja e à maledicência pura contra a actual organização executiva e artrística do Cistermúsica. Além de me ter transformado numa fera... Nada de mais errado, dado que eu, além de ser benfiquista, praticamente desde o primeiro ano do Cistermúsica não tenho feito mais que tentar ser uma voz crítica e independente, mas acima de tudo um defensor do Festival de Música de Alcobaça, o que não evita que eu deixe de manifestar a minha opinião crítica pessoal. E sublinho o termo pessoal, dado que essa tem sido desde sempre a principal característica da minha opinião publicada, há quase 20 anos... É claro que ando na rua, frequento espaços públicos e que falo com muita gente, não lhes voltando as costas quando falam comigo, e que por vezes tenho em conta as suas opiniões, mesmo que sejam diferentes das minhas. Como diria o Hegel: é a minha dialética...
Voltando ao recital de Artur Pizarro no Cine-Teatro de Alcobaça, deverei começar por aqui evidenciar que, apesar te a ele ter assistido mais público que nos dois espectáculos da semana anterior juntos, ele teria certamente merecido muito mais espectadores. E aqui refiro que na plateia se voltou a ver muita gente de fora de Alcobaça, inclusivamente a jornalista Maria João Avillez, confirmando que acertadas escolhas de cartaz atraem público de fora de Alcobaça ao Cistermúsica. Quanto ao de Alcobaça, infelizmente a coisa anda preta nesse campo...
A primeira parte do recital de ontem foi integralmente preenchida com a música do compositor alcobacense Carlos Tavares de Andrade, apresentada pela segunda vez em espectáculos do festival, dois anos depois do seu Quarteto Com Piano nele ter sido muitíssimo bem recebido. As suas composições para piano agora interpretadas não tiveram o mesmo efeito em termos de recepção do público, que as assimilou algo a frio, apesar da interpretação de Artur Pizarro se ter enquadrado perfeitamente dentro da qualidade esperada.A música de Carlos Andrade não é muito fácil de apreender e nela ressaltou mais uma vez de ela estar à sua época muito avançada face ao que então se compunha e exibia em Portugal, estando mesmo, como eu próprio escrevi na recentemente publicada Espaços Adepa 2- Revista de Património: temporalmente muito alinhada com aquilo que nessa época se fazia na chamada zona da frente musical, ou seja, na aurora do modernismo então nascente. Daí o facto de a sua música parecer e ser mesmo algo abstracta. Para mim foi um prazer ouvi-la e espero que Alexandre Delgado não interrompa a sua autêntica cruzada em prol da divulgação da música do compositor alcobacense Carlos Tavares de Andrade.
A segunda parte começou também algo morna em termos de emotividade, embora um pouco mais quente em termos interpretativos, com uma apresentação, sólida mas não marcante, do Prelúdio e Fuga de Le Tombeau de Couperin, de Maurice Ravel, mestre da composição de piano cuja música abriu assim espaço para o que viria a seguir, e que seria mesmo de ouvir e chorar por mais ! E foi mesmo assim, a interpretação de Artur Pizarro pareceu ter ganho asas e voar por ali fora, no espeçao do Cine-Teatro de Alcobaça, enredando e conduzindo sensorialmente os seus espectadores por um notável Prelúdio, Ária e Fuga de César Franck, que foi quanto a mim, não só a mais convincente interpretação da noite como até mesmo uma das mais fascinantes até hoje ouvidas no festival! Aliaram-se seguidamente a espectacularidade compositiva de Franz Liszt e a espectacularidade interpretativa de Artur Pizarro, para num enlenate Scherzo e Marcha em Ré Menor de Liszt voltar a fazer o público subir aos céus e voar também por ali fora, concluindo assim, aparentemente, o excelentíssimo recital que finalmente trouxe a Alcobaça presença física e artística do não menos excelentíssimo pianista português Artur Pizarro! (Já não certamente o primeiro, nem serei o último a escrever isto, o que não terá mesmo nada a ver com a nacionalidade, mas sim com a qualidade!).
Palmas, palmas, palmas e mais palmas premiaram ali mesmo aquela preciosa actuação de Artur Pizarro, atitude a que o mesmo correspondeu de um modo soberbo, no bom sentido, interpretando Aragon, de Federico Longas, daquele modo que apenas os pianistas de elite (no bom sentido!) conseguem fazer!!!
Um recital de notável qualidade, em qualquer parte do mundo, ao qual, infelizmente, deveriam ter correspondido mais alcobacenses... O mal foi deles!