Friday, February 24, 2006

XIV FEIRA DO LIVRO DE ALCOBAÇA NÃO ESTÁ COM MEIAS MEDIDAS E DESPEDE-SE COM UM ENSAIO AO VIVO DOS RED LINE!

Começámos o mês com a XIV Feira do Livro de Alcobaça e preparamo-nos agora para também o fechar com a dita. E o caso não é para menos! Não é que a direcção daquele evento, mais uma vez sob a responsabilidade de Daniel Figueiredo, decidiu apresentar, mesmo na parte central do seu recinto, um evento nunca anteriormente visto em Alcobaça: um ensaio ao vivo e em directo dos Red Line, a mais jovem banda alcobacense da área pop/rock? O inovador acontecimento vai ter lugar na noite de sábado, 25 de Fevereiro, a partir das 21 horas, no Mercoalcobaça, e promete mesmo levar aquele pavilhão ao rubro (e bem precisa, dado que faz mesmo lá muito frio...).
Os Red Line foram formados já este ano e além de festas particulares e de uma actuação nas Termas da Piedade esta será mesmo a sua primeira grande prova de fogo! Resta-nos informar que os Red Line são constituidos pelo João (vocalista), pelo Filipe Damião e pelo Luis Ramos (guitarristas), pelo José Vasco (baixista) e pelo Diogo Freire (baterista), ficando aqui a dica de que os dois últimos vêm de casas muito exigentes em termos musicais, dado serem, respectivamente, filhos do musicógrafo José Alberto Vasco (também criador deste blogue...) e do professor Aníbal Freire (antigo campeão mundial de acordeão).
Já agora, fica também aqui a informação de que este ensaio ao vivo vai ser tão completo e integral que até vai incluir a montagem e a desmontagem dos instrumentos e da aparelhagem de som. Nem os Rolling Stones fariam melhor!...

Tuesday, February 21, 2006

QUANDO É QUE ALCOBAÇA DEIXARÁ DE TER MAIS OLHOS QUE BARRIGA EM MATÉRIA DE MUSEUS?

Segundo parece, (muit)os portugueses continuam a brincar com a chamada Colecção Berardo. Que, versando essencialmente (toda) a arte contemporânea, tem uma dimensão física e económica aparentemente desmedidas para as vistas curtas de quem muitas vezes nos (des)governa. Devido a um acordo entre o proprietário e a edilidade de Sintra, uma boa parte daquela preciosa colecção de arte tem estado exposta num curioso palacete edificado em 1920, situado naquela vila, na Avenida Heliodoro Salgado. Contudo, a dimensão física daquela colecção obrigou a que outra sua boa parte tivesse de ser deslocada para salas e armazéns do Centro Cultural de Belém, enquanto uma sua outra boa parte vai sendo correntemente exibida em vários museus de Portugal e outros países. Isto para não dizer que, entretanto, o Comendador Berardo continuou a comprar arte um pouco por todo o mundo, o que significa, segundo consta, que já conta com cerca de mais um milhar de obras artísticas par além daquilo que já era publicamente conhecido...
Entretanto, e tendo chegado ao fim o prazo acordado com a edilidade sintrense, Joe Berardo começou a pensar em novo local para instalar e conservar a sua colecção, tentando, acima de tudo, que essa modificação proporcionasse um local mais adequado para a exposição das suas inúmeras e valiosa peças. Isso significou que outros países se interessassem em atrair a Colecção Berardo para o seu território e que o governo português tivesse tentado meter mãos à obra no mesmo sentido... Todavia, essas negociações nem sempre têm decorrido de forma edificante e, segundo parece, o Estado português tem mesmo metido os pés pelas mãos, e vice-versa, o que já começa a irritar um Joe Berardo que tem plena consciência do valor da sua colecção de arte (foi ele que a seleccionou e pagou, não foi?). Entretanto, a pacoviada começou a assentar arraiais nesta questão, e, segundo tem constado, houve outras edilidades que aparentaram começar a interessar-se em atrair aquela colecção para os seus concelhos. Caldas da Rainha e Alcobaça são dois dos casos conhecidos, e o que mais nos interessa é precisamente o último, ainda para mais quando tem sido avançado nalguma imprensa que o Dr Gonçalves Sapinho e os seus pares haviam tido a luminosa ideia de a tentar instalar nas secções ainda desocupadas da Ala Norte do Mosteiro de Alcobaça. E a verdade é que este posicionamento do autarca alcobacense se mostra básica e completamente desadequado e desajustado, não só pela diferença etária e estilística entre a maioria daquelas obras (século XX) e o próprio Mosteiro (século XIII), mas essencialmente pelo importante e essencial facto de nenhuma sala daquele edifício poder proporcionar as condições de espaço, temperatura e humidade necessárias à sua boa conservação e manutenção. E aqui relembro que a Colecção Berardo inclui arte moderna, azulejaria, posters, minerais e esculturas africanas, além de uma imensidão de obras que abrangem a instalação contemporânea e que nada têm a ver com a ambiência de um mosteiro histórica e fisicamente muito mais adequado para outros género de arte (gótico, barroco, etc). É claro que não seria aconselhável e viável que o Mosteiro de Alcobaça pudesse enveredar por tipologias radicalmente tão diferentes da sua e que, por esse mundo fora, nos mostram claros exemplos dessa desadequação do nosso mosteiro: a pintura A Closer Grand Canyon, de David Hockney, exposta no Centre Georges Pompidou, em Paris, tem 3,30 metros de altura e 7,44 de comprimento/ a escultura metálica Snake, de Richard Serra, exposta no Museo Guggenheim, de Bilbao, tem 6,82 metros de altura e 31,65 de comprimento/ o helicóptero Bell-47D1, da Bell Helicopters Inc, exposto no Moma, em New York, tem 3,02 metros de altura e 12,72 de comprimento. Se Joe Berardo optasse por peças desse dimensionamento físico e artístico onde é que elas poderiam caber no nosso Mosteiro?
Pois é. Neste caso, tal como em muitos outros, seria bom que Alcobaça deixasse de ter mais olhos que barriga e, recordando que além do próprio Mosteiro a nossa cidade não tem qualquer museu digno desse nome, em termos de inventariação, conservação e exposição, se voltasse é para o que tem dentro de si (Museu Vieira Natividade, Central Eléctrica da Fiação e Tecidos, Museu da Cidade,etc), tratanto, finalmente, de optar por uma autêntica orientação de nível museológico. Trazer para Alcobaça a Colecção Berardo só seria possível e admissível se se construisse uma infra-estrutura adequada para esse efeito (e neste caso, o modelo nacional poderá ser o Museu de Serralves) e, neste âmbito, parece-me que Alcobaça deverá ter outras prioridades e outras necessidades, aqui se recordando a urgência que a nossa cidade terá em alterar radicalmente o espaço actualmente ocupado pelo Mercoalcobaça, deitando abaixo o que agora lá está conbstruido e substituindo-o por um eficiente e adequado Pavilhão Multiusos!