Saturday, February 17, 2007

O CARNAVAL NUM POEMA DE TARCÍSIO TRINDADE

CARNAVAL

Máscaras nas meninas e nas velhas
E a orquestra castelhana.

Onde está Teresinha a quem o menino ama
Sem disfarce?

E as velhas da praia? E os búzios?
E o arco-íris?
E os pombos cistercienses?

O menino sem norte fugiu para o pomar
A ver abrolhar os gomos das árvores
Em inexplicável, mágico silêncio.

E sob a pereira que espera impaciente
O equinócio de Março
Aguarda serenamente a manhã
De quarta-feira de cinzas.

TARCÍSIO TRINDADE
Os Meninos e as Quatro Estações, 1960

5 comments:

ANTONIO DELGADO said...

Estimado José:
Conheço muitas facetas do TARCÍSIO TRINDADE mas a de poeta ignorava completamente.

José Alberto Vasco said...

Caro António: a preciosa faceta poetica de Tarcísio Trindade chegou a ser premiada pelo SNI, distinguindo precisamente o livro de onde retirei este poema. Infelizmente, Tarcísio Trindade chegou a anunciar outro livro de poesia, cujos poemas, infelizmente, acabariam por nunca ter saido da gaveta. Curiosamente, ele anunciou também àquela época um seu livro sobre relojoaria antiga p+ortuguesa e inglesa, também infelizmente nunca publicado... Este seu livro apresenta um fascinante relacionamento da sua poesia com a música, tendo sido mesmo fonte de inspiração para o meu livro Música & Água. Aproveito para também lhe divulgar a nossa comum paixão pela música de Arnold Schoenberg e o facto de há alguns anos eu ter regularmente divulgado a sua poesia...

ANTONIO DELGADO said...

como lhe disse não conhecia esta faceta do Tarcisio apesar de ter privado com ele muitas vezes. E, ter contactos frequentes quando iniciei a minha paixão por livros antigos. Mas esta peculiaridade nunca foi abordada e congratulo-me de conhece-la. Quanto a outro tipo de publicações, isso sim, chegou a falar-me nalgumas mas de concreto suponho que nada publicou.
Um abraço
António.

José Alberto Vasco said...

A porta do seu estabelecimento em Lisboa, no nº 44 da Rua do Alecrim é sempre uma porta aberta para os alcobacenses que o queiram visitar.
Não deixe de o fazer...

ANTONIO DELGADO said...

Foi la que lhe comprei muitos livros e era la que muitas vezes falavamos das "ALCOBACICES"...lá e em outros lugares.