Wednesday, June 25, 2008

DAVID GRUBBS E DIANE CLUCK ACTUAM NO PORTO

David Grubbs (US) + Labrador (PT) - 27 de Junho - 22h30
Diane Cluck (US) + Calhau (PT) - 28 de Junho - 22h30
PREÇO: 6 euros (bilhete duplo - concerto David Grubbs + Diane Cluck - 8 euros)
PASSOS MANUEL (PORTO)
Aproveitando a presença de David Grubbs em Portugal, onde irá orientar um curso de artes da performance na Fundação Calouste Gulbenkian (http://www.programacriatividade.gulbenkian.pt/cursos2008_performanceequipa.asp?area=cursos2008), a Zoom, Team Judas e Filho Único apresentarão em concerto um dos grandes baluartes das músicas independentes, da vanguarda da canção, à música electrónica, à experimentação electroacústica, David Grubbs tem um dos mais impressionantes currículos do último par de décadas.Membro fundador de várias unidades criativas marcantes dos anos 80 até cá, caso dos Squirrel Bait, Bastro ou Gastr Del Sol (com Jim O'Rourke), Grubbs foi também membro de unidades como os Red Krayola (de Mayo Thompson) ou os Palace (de Will Oldham). Estudioso do esqueleto da canção, tem um fantástico corpo de trabalho que esteticamente tem sido fundamental para a evolução formal da mesma. Procura laborar e pesquisar fenómenos sonoros, criar composições no campo da exploração electrónica e acústica, ao mesmo tempo que mantém a excelente editora Blue Chopsticks, que tem vindo a editar peças fulcrais de compositores e artistas tão incontornáveis, da composição moderna ao jazz de vanguarda, como Luc Ferrari, Derek Bailey, Noel Akchoté ou Mats Gustafsson.Para além de docente em várias faculdades e seminários, Grubbs é ainda um jornalista com obra no campo das artes visuais, literatura e crítica de música, em publicações como a Bookforum ou a Purple. Tem tido obra exposta em várias galerias norte-americanas, tanto como em fundações europeias, como o Centre Pompidou. Desenvolveu ainda, já várias vezes, trabalhos de banda-sonora para filme.
Incluída na colectânea Anti Folk Volume 1, o que desde logo lhe impôs um rótulo, Diane Cluck bem pode virar a tradição folk do avesso e ter como principais referências duas figuras de famílias musicais bem distintas, o compositor surrealista Erik Satie e a original cantora pop Kate Bush, mas a sua área de actividade está muito bem definida e podemos nomeá-la com uma positiva e não uma negativa, folk de facto e não antifolk. Mesmo quando o que encontramos em Monarcana sejam canções incompletas ou até pequenos fragmentos vocais e instrumentais que poderão vir a ser canções no futuro, regra geral improvisadas - letra e música - ou em esboço (em esqueleto, afirma ela). Cluck justifica-as como uma forma de comunicar directamente com cada pessoa que a ouve em casa, diante da aparelhagem, porque para comunicar ao vivo com o público diz-se obrigada a formatar o que faz, e só desse modo podemos entender que se tivesse dado ao trabalho de sobregravar a sua voz e os vários instrumentos que ouvimos (não há outros intervenientes) em temas que mais parecem apontamentos e que com certeza não funcionariam em concerto. Ou seja, por um lado montou, misturou, deu forma, por outro fez questão de deixar as coisas em estado bruto. Do mesmo modo, as harmonizações quase corais que constrói, denunciando a formação clássica que tanto se esforça por refutar, têm a contraparte de usos guitarrísticos (sobretudo, mas também ouvimos piano, violino, xilofone, órgão, harmonium...) offkey e offtempo, fazendo-nos lembrar mais um Jandek do que um John Fahey, apesar de este ser apresentado como a alma do movimento em que Cluck é inserida. Este álbum até pode ser o resultado de um investimento arriscado, mas sai-se muito bem, pois temos assim uma melhor percepção dos seus processos e de algo que é fundamental na sua obra, a espontaneidade.
Vivó Porto e vivó Passos Manuel! É de ir!

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