Monday, May 29, 2006

NOTAS SOLTAS, COM DEMASIADO ECO, SOBRE O QUARTO ESPECTÁCULO DO CISTERMÚSICA 2006

Este fim-de-semana não foi realmente um dos melhores na história recente do Festival de Música de Alcobaça. Depois do concerto assim assim e da falta de público no concerto de música de câmara do passado sábado, a coisa piorou ainda mais na tarde de domingo, 28 de Maio, data para a qual foi marcada uma conferência/concerto sobre as sonatas de Fernando Lopes-Graça, versando muito essencialmente a sua Sonata nº 2. Em palco, ou melhor dizendo, lançada às feras, esteve a diligente e simpática Patrícia Bastos, num espectáculo algo fraquinho em termos da retumbância programática e artística esperada num festival como o Cistermúsica. Devo aqui esclarecer que a pianista e musicóloga não teve quaisquer culpas no cartório, sendo muito curioso que nem o director artístico nem o director executivo do Festival tivessem comparecido numa Sala do Capítulo do Mosteiro de Alcobaça que mais uma vez se revelou profundamente desadequada para um espectáculo daquele género, neste caso com a agravante daquela sonata de Lopes-Graça ser muito forte nos seus graves, o que, numa sala com a irritante reverberação daquela acabou por motivar uma profunda dor de cabeça nalguns dos espectadores presentes. E aqui a porca voltou a torcer o rabo, tendo nesta tarde sucedido aos 52 espectadores da noite anterior apenas cerca de 30, num recital que até era à borla.
Confirmaram-se as minhas suspeitas de sábado à noite, e deverei aqui escrever a minha triste conclusão de que o Cistermúsica está nalguns casos a perder espectadores e muito do seu público habitual. Neste caso especial, penso que essa ausência de público se terá devido à própria indefinição do espectáculo em causa, que nem se anunciou como carne nem como peixe, ou seja, nem como concerto nem como conferência, indefinição cujas principais vítimas terão sido o público e a própria Patrícia Bastos, que até cumpriu o seu papel muito a contento, apesar das enormes contrariedades a que foi sujeita.
Sendo assim, depois de um fim-de-semana em que o sonho voltou a acolher o Cistermúsica, graças ao notável Cuarteto Casals, seguiu-se este autêntico fim-de-semana de pesadelo em que até o público fugiu a sete pés do Festival de Música de Alcobaça! Espera-se que o sonho regresse em força na noite do próximo sábado, graças ao mágico Artur Pizarro e à música de Carlos Tavares de Andrade, Ravel, Cesar Franck e Liszt, mas a verdade é que se a quebra na qualidade artística e na afluência de público se continuar a verificar terá mesmo chegado a hora de rever e reorganizar a estruturação do Cistermúsica, antes que o mesmo seja ferido de morte...
Cá por mim, espero recuperar da dor de cabeça que a reverberação da Sala do Capítulo me causou até ao próximo sábado...

1 comment:

José Alberto Vasco said...

Apenas neste domingo me recordei de que neste post me tinha esquecido de enunciar uma da razões que motivou a minha dor de cabeça sofrida no concerto/ conferência aqui referido. Ao regressar à Sala do Capítulo, para assistir a um outro espectáculo, entrei, sentei-me e ao olhar para o palco, lá estava ele... Embora coberto, ele não estava ali para enganar ninguém... Era o famoso piano Yamaha da nossa Câmara MunicipaL... O tal que já tantos concertos estragou em Alcobaça, de há alguns anos a esta parte... A sua deterioração mantém-se, embora cada vez mais agravada... Parece impossível como ainda se lembram de o utilizar nalguns espectáculos... Estas coisas custam-me mesmo muito... Quer acreditem ou não...