Quando ouvi pela primeira vez a música do Samuel Jerónimo quase instantaneamente me apercebi de que entre as suas mais revigorantes inspirações e influências musicais avultavam declaradamente as da pop progressiva e da música minimal, por si subliminarmente mimetizadas em incontornáveis vultos daquelas tipologias musicais ou na magnetizante sonoridade das emblemáticas orquestras de gamelão do Bali. Em
Nesta sua nova produção artística agora lançada em C.D., sob o sugestivo título Rima, Samuel Jerónimo encaminha o seu discurso musical através dos quase imperceptíveis parâmetros de um suposto conflito criativo entre modernismo (passado-presente) e pós-modernismo (presente-futuro), relacionando dialecticamente a sua escrita musical numa criativa síntese entre o “mito do eterno retorno” de Nietzsche e a “reconstituição da noção do ser” de Heidegger. Rima é uma peça musical composta e interpretada em quatro partes, ou melhor escrevendo, em quatro versos entre si relacionados. A verdade nua e crua é que o que este C.D. nos apresenta é a prova clara e transparente de que a arte de Samuel Jerónimo continua a evoluir denunciando uma sua ininterrupta evolução no sentido músico-filosófico, evidenciada em cada sua nova nota ou em cada seu novo acorde…
Regressando ao sentido e ao sentir do mesmo poema de António Ramos Rosa, não me coíbo de aqui especular e intuir que a dotada escrita musical de Samuel Jerónimo não vai parar por aqui, continuando a tentar sempre assumir a cada instante a procura desse “momento único” que “não surge” ou “talvez nunca venha a surgir “, continuando a compor “na expectativa desse momento” em que a sua palavra musical poderá “dizer as cores, a doçura, o perfume que transforma o exílio no claro paraíso do silêncio”, ou seja, atingir os píncaros da genialidade! Neste seu novo CD Rima, a música electroacústica de Samuel Jerónimo revela uma (muito) maior maturidade e uma (muito) mais cuidada sintetização de ideias, demonstrando uma clara evolução work in progress a ter (muito) em conta no futuro da música culta contemporânra portuguesa. Vontade e empenho para novas conquistas são atributos que parecem continuar a não faltar ao Samuel Jerónimo!
Monday, October 02, 2006
SAMUEL JERÓNIMO/ RIMA- A MÚSICA COMO EXCESSO DE TRANSPARÊNCIA E DE LEVEZA
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