Saturday, December 30, 2006

ONDE PÁRA O LOBBY PARA A INCLUSÃO DO MOSTEIRO DE ALCOBAÇA NAS SETE MARAVILHAS DE PORTUGAL?

Já aqui se escreveu sobre a provável e possível inclusão do Mosteiro de Alcobaça entre os sete eleitos na decorrente votação para escolha das Sete Maravilhas de Portugal. Muito se falou e escreveu sobre o assunto, com especial destaque para a blogosfera alcobacense e para a nossa edilidade, que chegou mesmo a intuir haver necessidade e interesse em promover um lobby que influenciasse a eleição do Mosteiro de Alcobaça entre essas Sete Maravilhas de Portugal. Muito se falou e escreveu, mas nada se fez, como é infelizmente habitual nesta "orgulhosa" cidade...
Vem esta introdução a propósito de alguns sinais que evidenciam que os outros candidatos a tal lugar não estão a descansar à sombra da bananeira e a ver os outros passar, promovendo já as suas candidaturas. Um desses sinais é uma votação hoje publicada no suplemento Fugas do diário Público, que divulga uma votação feita na sua redacção e a escolha dos colaboradores daquele jornal. O Mosteiro de Alcobaça não figura entre aqueles sete mais votados e é curioso assinalar que entre eles se encontram nossos vizinhos como o Castelo de Óbidos e o Mosteiro da Batalha... Será então caso para aqui perguntar: Onde pára o tal lobby de (Mosteiro de) Alcobaça?

10 comments:

ANTONIO DELGADO said...

Olá José Alberto Vasco!

...agora não me equivoquei no nome!

Tem razão nas observações que faz e é muito provável que não se faça nada...mas não comento por agora.

Para as terras que começam a ser faladas isso é bom e pode, desde já, condicionar a opinião pública em favor delas. Quanto sei, Óbidos tem uma política de marketing muito aguerrida que não está para brincadeiras.

Gostei do seu blog: É uma bela caixinha de surpresas! Terei de o ver em detalhe, depois destas festas, porque há temas que me interessam particularmente.

Excelente recompilação de Poesia “Navideña”. Reconheço que tenho alguma animosidade (ou melhor, falta de compreensão) para esta forma de arte que muitos racionalistas designaram por “tecnocracia da palavra. “

A minha animosidade/falta de compreensão, deve-se à obrigação que me foi imposta e aos meus colegas, no colégio, para decorar as poesias dos livros de leitura e recitá-las de memória em aula... um verdadeiro suplício para uma criança.

Descobri a poesia mística e a musica Sufí, faz algum tempo e ajudaram-me a retomar o tempo perdido. É muito assinalável a sua cultural musical.

Um renovado desejo de 2007

Cordialmente
António Delgado

José Alberto Vasco said...

Prezado António Delgado:
Muito obrigado pela sua visita ao Nas Faldas da Serra e pelo seu simpático e motivador comentário. No que respeita à "muito aguerrida" política de marketing de óbidos estou plenamente de acordo consigo. Veja-se, por exemplo, a sua assídua e inteligente política de promoção de espectáculos musicais e o sucesso do decorrente evento óbidos Vila Natal, em que a edilidade de Óbidos não hesitou em associar-se a uma entidade privada como o BES. Não é? Alcobaça continua a dormir à sombra da bananeira nesse campo. E esse mal não é exclusivo da actual edilidade, já vem muito de trás...
Compreendo perfeitamente a sua "animosidade/falta de compreensão" no que respeita à tal "tecnocracia da palavra". A minha animosidade contra a obra literária do Júlio Dinis deve-se também muito ao facto de, tal como outros pretendentes ao ensino secundário nos anos 1960, ter então sido obrigado a "empinar" a "Morgadinha dos Canaviais". É claro que eu sou fã declarado de poesia e só tenho pena de nunca ter conseguido escrever nada que a ela se pudesse comparar...
Desejo-lhe então, caro António, um excelente, criativo e poético ano de 2007!

ANTONIO DELGADO said...

A escolástica era terrível e fracturou muito a inteligência do nosso país. No entanto ainda sobrevive nalguns meios académicos.

Sei o que se esta a passar com Óbidos porque tenho alguns amigos que são assessores na câmara e outros que estão a trabalhar em comissões de estudo, para o desenvolvimento e potencialidades naquele concelho, já para o futuro. Pode ter a certeza que aquela terra liderará parte da região Oeste num curto espaço de tempo. O presidente um rapaz bem formado, dinâmico com uma intuição precisa, TRABALHA! Não anda a dizer por ai que Óbidos vai ser CHICK ou que vai ter PORTOS MARÍTIMOS EUROPEUS (como se qualquer porto em Portugal não fosse Europeu. Ideias sinónimas de vacuidades à medida de quem as profere e consome). O presidente daquele concelho em vez de ter delírios, arregaça as mangas para trabalhar com especialistas, das respectivas áreas, naquilo que se projecta depois de ser minuciosamente estudado. NADA é feito ao acaso nem com AMADORISMO.

Sobre Alcobaça compreenderá porque sou frontal.

No século XIX Ramalho dizia que "O mal do país era ser mal frequentado". Não quero decalcar esta afirmação em Alcobaça porque posso ser mal interpretado mas, certamente estará de acordo, em verificar que um dos males no concelho é ser dominado por uma mentalidade retrógrada que faz autofagia e é fechada no costume. E, como sabe, o hábito faz o monge...VIVA CISTER!

Cordialmente

António Delgado

José Alberto Vasco said...

Concordo consigo, António. Há muito que aprecio as qualidades pessoais e políticas do actual Presidente da Câmara de Óbidos. E partilho claramente a sua frontalidade no que respeita a Alcobaça. O problema não é simples e a meu ver está directamente relacionado com a progressiva perda de influência da nossa sede de concelho. Há muito que defendo a racionalização do concelho de Alcobaça, que para mim passaria pela sua redução a cerca de um terço das suas actuais dimensões em termos de número de habitantes e área física. Essa minha ideia passa pela saída de freguesias como Alfeizerão, Benedita, Pataias e S. Martinho do Porto para outros concelhos, proprorciando a Alcobaça e aos alcobacenses a oportunidade de voltar a orientar o seu concelho. A ideia até nem é assim tão inovadora como isso, dadao que essa racionalização reaproximaria as dimensões do nosso concelho das médias há muitos anos defendidas em estudos da Eurostat...

ANTONIO DELGADO said...

Caro José Alberto,
Essa perda que tem várias décadas, em parte e a meu ver deve-se a uma mentalidade ( péssima diga-se de passagem) muito virada para o mosteiro como a única fonte possível para sanar os males (económico, social e cultural) de Alcobaça e do seu concelho... Ideia igualmente bem expressa pela SAER, no estudo que fez sobre a região e que o actual director do mosteiro, como bom tocador de ouvido parece seguir à risca, naquilo que toca ao monumento. Aguardemos para ver como a DISNEYLANDINIZAÇÃO, proposta por economistas acabará. Gostei da sua critica à PASTELARIZAÇÃO do monumento. Pobre Património da Humanidade quando tem de viver de folclore... o José já terá visto as grutas de Altamira ou Lascaux a proporcionarem churrascadas de carne de veado ou bisonte para serem visitadas??? ou Alambra a fazer ilustrações da queda de Granada ou das mil e uma noites? E por exemplo directores, por exemplo, de qualquer museu de arqueologia vestidos de Neanthertais para receberem qualquer figura de Estado..espero que o folclore não vá tão longe!

A racionalização de facto é a única solução e só assim o concelho pode ter um desenvolvimento sustentável, isto é: um espaço onde não existam zonas muito desenvolvidas e outras onde nem saneamento básico existe. Suponho que a sua ideia será possível, com outro tipo de mentalidade que elabore uma nova divisão administrativa do território nacional, nos moldes que Mouzinho da Silveira efectuou no sec. XIX. Divisão onde se possa definir, em termos sociojurídicos, conceitos sobre o que é realmente uma cidade, vila, aldeia, freguesia. Junta de freguesia e Câmara municipal e respectivas funções... Portugal deve de ser na Europa dos únicos, senão o único pais onde estes pequenos detalhes, de enorme precisão jurídica, não estão definidos nem são claros. Esta anarquia jurídica dá o tal desordenamento territorial que todos nós conhecemos e no caso do concelho torna-o ingovernavel e mal gerido. Vou dar-lhe um exemplo destas consequências: a minha mãe faleceu em Outubro e como foi encontrada inanimada na casa de banho, chamou-se o serviço de ambulâncias para ser prestada assistência e leva-la para o hospital. Na unidade de Alcobaça apenas atestaram o óbito. Resultado tinha de ser autopsiada, mas para tal tinha de ser levada para Leiria.
Para ser deslocada tinha de haver procuração do tribunal para o cadáver viajar...foi o tribunal de Porto de Mós quem passou a procuração! Seguinte confusão. O cadáver até Leiria tinha de ser acompanhado pelas forças de segurança, ao estar debaixo de custódia judicial. Quem seriam essas forcas em Alcobaça? Policia ou Gnr? Estas duas instituições digladiarem-se para tal. A policia reivindicava que dentro da cidade essa missão era-lhe devida.... A Gnr. contradizia como era uma diligencia para fora da cidade seria ela a faze-la. Conclusão demorou seis horas a ser resolvido o diferendo entre estas duas instituições e finalmente foi a GNR. Esta novela, de contornos góticos, ainda não terminou e continua com outros detalhes que me escuso relatar por agora. No entanto aquilo que dei constância, é o retrato fiel do País e pode ajudar a entender o que disse sobre os conceitos.
Não trataria a sua ideia como uma questão de originalidade mas sim de pragmatismo e é ele que tem faltado em Alcobaça... no entanto uma boa dose de originalidade também é precisa!
Cordialmente
António Delgado

Ps. Dentro deste problema de fundo que a pinceladas muito largas abordei, há no entanto, muita gente, com visão actualizada e sensível para os actuais desafios, como é o caso do presidente da Câmara de Óbitos. Talvez porque é novo e não vive do passado ou de um suposto curriculum referente a uma idade mítica como se justificavam os deuses do Olimpo.

José Alberto Vasco said...

Caro António Delgado: parece que estamos essencialmente de acordo na tal questão da necessária racionalização do concelho de Alcobaça. Nesse âmbito, estou convicto de que o seu início não tardará mais de uma década, dado que a bem ou a mal, me parece irreversível o processo de saída da Benedita do nosso concelho... É claro que seria preferível que esse género de saídas fosse previamente regulamentado por lei e nesse campo, mantenho-me fã do processo iniciado pelo Miguel Relvas quando foi Secretário de Estado e preparou profundas alterações legais nesse sentido. Infelizmente, parece que o tradicional caciquismo à portuguesa acabou por entravar um pouco a evolução desse processamento legal, embora mais tarde ou mais cedo tudo deva voltar a encarreirar nesse sentido, de que Portugal bem precisa!
Receba os meus pêsames pelo falecimento da sua mãe e saiba que conheço casos idênticos ao seu, custando-me até um bocado a compreender qual a razão do papel neles desempenhado pelo Tribunal de Porto de Mós...
No que respeita ao folclore rasquilhiano, tenho pena de que muito boa gente em Alcobaça o veja como uma espécie de "Salvador da Pátria", algo que ele nunca será... Do que dele conheço há muitos anos, nunca o vi concretizar um projecto público que "tentasse" levar a cabo. Infelizmente, apenas o tenho visto concretizar projectos a nível pessoal... Continuo a lamentar a "Pastelarização" do Mosteiro, e tenho pena que muitos alcobacenses não enxerguem a falta de sustentação científica de tudo aquilo, a começar pelos próprios "Doces Conventuais Cistercienses"... Continuo esperançado que as gentes de Alcobaça acabem por entender o logro que tem rodeado tudo aquilo e alguns dias depois do encerramento da recente "Mostra de Doces e Licores Conventuais" até aqui publiquei uma postagem em que ironizava sobre o facto de Alcobaça ter este ano finalmente conseguido resolver o seu "Complexo de ÉDipo", embora o tenha feito enchendo o ventre da mãe de trouxas de ovos...

ANTONIO DELGADO said...
This comment has been removed by a blog administrator.
ANTONIO DELGADO said...

Gostei do que disse e subescrevo tudo ...não andamos assim tão longe!

Já agora deixo-lhe uma citação do Moises Espirito Santo para enriquecer o "Complexo de Edipo":

“ uma opinião (posta a circular há menos de um século), decorrente da atracção dos agricultores para as terras do mosteiro, pretende que foram os frades quem ensinou a agricultura ao povo de região (porque há quem classifique os cisterciences de monges agricultores). Até se chega a dizer que a qualidade dos pêssegos de Alcobaça tem origem monástica, para não falar da ideia vulgar dos doces conventuais: o povo aprendeu das freiras e dos frades a arte de fazer bolos! Com esta mitologia entramos na fantasia delirante e na área da ideologia clericalista, para prestar culto ao senhorio e branquear as prepotências monásticas “. In Moisés Espírito Santo “ Cinco Mil anos de Cultura de Cultura a Oeste.: Etno-história da Religião Popular numa região da Estremadura, Assírio e Alvim Lisboa 2004 p 39.

Para terminar!
...Essa do salvador da pátria é compreensivel pelos estatisticas do nivel academico no concelho...por acaso o JAV conhece-os?

Ps. obrigado pelos pêsames... foi um pouco duro!

José Alberto Vasco said...

Seria precisamente de gente cientificamente conhecedora como Moisés Espírito Santo que a organização da tal Mostra de Doces e Licores Conventuais se deveria ter roedado. Infelizmente, rodeou-se de pasteleiros, cozinheiros, políticos espertalhóes e outras figuras do género. Numa discussão de blogue eu enumerei vários factores de contestação ao enquadramento da tal Mostra no que respeitou à sua inclusão na parte medieval do Mosteiro. Cheguei até a escrever que os próprios monges de Cister nunca autorizaram qualquer género de feira no interior do Mosteiro ou até na sua parte exterior (o próprio mercado no Rossio apenas lá se conseguiu realizar após a expulsão dos ditos monges, não é?.
Quanto ao "Salvador da Pátria", ele continua a pugnar e beneficiar da famosa máxima "em terra de cegos quem tem um olho é Rei!". Curiosamente, a minha crónica desta semana no "Região de Cister" faz (subtil) referência a mais uma das suas "grandes vitórias" para Alcobaça... Curiosamente, ainda há pouco tempo um conhecido político da nossa praça me acusou de ter um "ódio de estimação" contra o Rasquilho... Tive de o mandar muito subtilmente à merda! O que é que eu poderia fazer...

ANTONIO DELGADO said...

...acho que o José Alberto deveria de dizer o que disse.

E aos politicos fazer como a minha avó dizia... " com gente ignorante nem para a missa".

Um politico muito conhecido também não gostou nada, mesmo nada, que o tenha criticado com um dos bonecos e andou a enviar mails, como os garotos queixinhas, a dizer que eu andava a gozar com ele! Parece serem mais susceptiveis aos bonecos que às palavras!

Já vê,em Alcobaça, não se pode criticar nem ter opinião própria. Temos de dizer sim a tudo...mesmo pessoas que julgavamos de espirito elevado e aberto nos surpreendem por vezes.

Esta semana ainda não tive tempo de desfolhar o RC...mas aguçou-me o apetite!