Os portugueses responderam maioritariamente SIM no referendo que ontem os chamou a pronunciar-se sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado. Embora a participação dos eleitores portugueses não tivesse (mais uma vez) atingido a maioria vinculativa de 50%+ 1, a resposta dos que responderam positivamente à chamada acabou por justificar que essa sua votação favorável tivesse sido claramente legitimadora a nível político, facto que deverá ter resposta do Governo e da Assembleia da República com a maior brevidade possível, regulamentando a nova lei que a votação de ontem justifica e exige.
Os resultados daquele referendo a nível nacional foram os seguintes: SIM- 59,2%, não- 40,8%, abstenção- 56,4%. São também dignos de referência os resultados ontem verificados no distrito de Leiria, que inverteu muito claramente os da sua votação no anterior referendo sobre a mesma questão, em 1998. Os resultados de ontem no distrito de Leiria forma os seguintes: SIM- 58,3%, não- 41,7%, abstenção- 56,1%. São também merecedores de especial referência os resultados ontem verificados no concelho de Alcobaça, que inverteram também muito claramente a anterior votação no referendo de 1998. Os resultados no concelho de Alcobaça foram: SIM- 57,39%, não- 42,6&, abstenção- 53,5%.
É claro que o assunto da despenalização da interrupção voluntária da gravidez não termina aqui, sendo agora necessário que o Estado saiba responder do mesmo modo a esta demonstração de maturidade democrática dos portugueses. Deveremo manter-nos atentos, para não sermos surpreendidos, não é?
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3 comments:
Caro José Alberto,
nao podia estar mais de acordo consigo, "o assunto nao termina por aqui"...
agora que os portugueses tornaram pública a sua opiniao sobre o tema (pese embora a alta abstençao que se verificou), e agora
que o Primeiro Ministro garantiu que apesar de nao ser vinculativo o resultado será respeitado, as dúvidas que inevitavelmente surgem sao:
depois de votada a lei da despenalizaçao na AR, como vai o Governo regular o processo da IVG no SNS?
Que financiamento e que prioridades?
Este e outros temas foram postos de parte durante a campanha, sempre com o chavao de que "nao é essa a questao..." mas a verdade é que estas materias deveriam de ter sido esclarecidas por quem nos governa. E se até agora nao foram, é bom que as ponderem e que sejam intelectualmente honestos com os portugueses, dando-lhes a conhecer que passos e que medidas pretendem tomar.
(PS - desculpem a falta de acentos mas estes teclados espanhóis...)
Olá Dulce! Já sabe que gosto muito de a ver nas faldas da serra, não é? É claro que neste caso a luta continua! E não posso deixar de aqui referir o importante papel que o PSD deverá desempenhar nesse campo, não só na Assembleia da República mas também em todo e algum sítio deste país em que o assunto esteja em questão! Penso que é tempo de a Política e os políticos voltarem à rua em Portugal e que só desse modo se reaproximarão do chamado país real, não acha?
Quanto aos partidos da dita "Oposição", espero que se mantenham atentos, acompanhem e colaborem neste processo que vai ser complexo e moroso, deduzo...
De resto, diz e muito bem o José: "é tempo dos políticos voltarem à rua" e aproximarem-se dos seus semelhantes e de um país que também é o deles. Nesta e em tantas outras matérias...
A ver vamos...
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