Era uma vez um atum muito esguio e vivaço que gostava de nadar no Tejo. Quem o visse a perseguir alegremente os cacilheiros, não podia imaginar que o nosso simpático amigo tinha um dilema que dilacerava a sua existência. Ao nadar entre o Ginjal e o Arsenal, ele não sabia de que margem do Tejo gostava mais. Cacilhas tinha mil encantos: as marisqueiras, a praia das lavadeiras, as mulheres bonitas no passadiço dos barcos, os liambistas e os pescadores da beira-rio, e a sujidade; muita sujidade… Mas Lisboa também lhe agradava: Também tinha marisqueiras, a praia do cais do Sodré, as mulheres bonitas no passadiço dos barcos, os liambistas e os pescadores da beira-rio, e sujidade; muita sujidade…
E assim andava este atum, dividido entre Lisboa e a outra banda. Por esses tempos, junto ao mercado da Ribeira, um primo ofereceu-lhe um cavaquinho e disse-lhe: — Agora não fiques aí o resto da vida a tocar na banda de cá. Também tens que ir tocar ao outro lado! O nosso atum ficou radiante. Assim podia dividir o seu amor pelas duas margens de maneira igual! Foi tanta a sua felicidade que a meio da travessia compôs a seguinte canção:
Quem vem e atravessa o rio
Junto à seca da portagem
Vê o alvo casario
Que se estende até Belém
Quem te vê ao vir da ponte
Do Ginjal até Almada
Chaminés são o horizonte
Da margem sul, minha amada
Este Junho é sublime
Não há mal que me derrube
Toco a 23 no Maxime
E a 29 no Incrível Club!
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