DEIXAR DE VER
Fotografias de Pedro Cláudio
sobre poemas de Ricardo Reis,um heterónimo de Fernando Pessoa
Inauguração dia 28 de Janeiro, pelas 18h30,
em Lisboa, na Casa Fernando Pessoa
Pedro Cláudio concentrou-se na figura do exílio, que é
a génese do poeta Ricardo Reis: um homem que se agarra ao
conhecimento para se salvar e que descobre na poesia – esse
saber que nasce das ruínas da cultura e da civilização – o
caminho solitário da transcendência. Toda a poesia digna desse
nome é um exílio, e Reis é a voz modulada, mansa, greco-romana
do abissal exílio pessoano. Fernando Pessoa exportou para o
Brasil este que foi o mais europeu e conservador dos seus
poetas, acto só aparentemente irónico. Não há em parte alguma
um céu inteiro, todo o sol esconde uma lua negra, e à pátria da
língua nunca acabamos de aportar nem de escapar. Um exilado vive
exactamente fora do tempo, isto é, fora de si – porque o eu,
Freud explicou-o, é uma construção imaginária que se projecta
sobre a realidade, e o exílio curto-circuita as projecções
sincrónicas, potenciando a interrogação do eu sobre a sua própria
identidade, isto é, fazendo-o implodir. É a essa implosão
interna, intemporal, dilacerante e dilacerada que assistimos
nas belíssimas imagens de Pedro Cláudio. Aqui nunca se trata de
ilustrar as palavras de Reis, mas de as descarnar até à névoa de
que são feitas, água de lágrimas. Pedro Cláudio cria o Ricardo
Reis que a obra de Ricardo Reis oculta, mas não é apenas esse
o seu génio; ele cria o Ricardo Reis que cada um de nós tem
dentro de si. Fernando Pessoa nunca fez outra coisa. Por isso
continua a dizer-nos tanto. [Inês Pedrosa]
NOTA: A exposição ficará patente até ao final de Abril.
É de visitar!
Fotografias de Pedro Cláudio
sobre poemas de Ricardo Reis,um heterónimo de Fernando Pessoa
Inauguração dia 28 de Janeiro, pelas 18h30,
em Lisboa, na Casa Fernando Pessoa
Pedro Cláudio concentrou-se na figura do exílio, que é
a génese do poeta Ricardo Reis: um homem que se agarra ao
conhecimento para se salvar e que descobre na poesia – esse
saber que nasce das ruínas da cultura e da civilização – o
caminho solitário da transcendência. Toda a poesia digna desse
nome é um exílio, e Reis é a voz modulada, mansa, greco-romana
do abissal exílio pessoano. Fernando Pessoa exportou para o
Brasil este que foi o mais europeu e conservador dos seus
poetas, acto só aparentemente irónico. Não há em parte alguma
um céu inteiro, todo o sol esconde uma lua negra, e à pátria da
língua nunca acabamos de aportar nem de escapar. Um exilado vive
exactamente fora do tempo, isto é, fora de si – porque o eu,
Freud explicou-o, é uma construção imaginária que se projecta
sobre a realidade, e o exílio curto-circuita as projecções
sincrónicas, potenciando a interrogação do eu sobre a sua própria
identidade, isto é, fazendo-o implodir. É a essa implosão
interna, intemporal, dilacerante e dilacerada que assistimos
nas belíssimas imagens de Pedro Cláudio. Aqui nunca se trata de
ilustrar as palavras de Reis, mas de as descarnar até à névoa de
que são feitas, água de lágrimas. Pedro Cláudio cria o Ricardo
Reis que a obra de Ricardo Reis oculta, mas não é apenas esse
o seu génio; ele cria o Ricardo Reis que cada um de nós tem
dentro de si. Fernando Pessoa nunca fez outra coisa. Por isso
continua a dizer-nos tanto. [Inês Pedrosa]
NOTA: A exposição ficará patente até ao final de Abril.
É de visitar!
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