Tuesday, February 02, 2010

PEDRO CLÁUDIO APRESENTA DEIXAR DE VER, NA CASA FERNANDO PESSOA

DEIXAR DE VER

Fotografias de Pedro Cláudio
sobre poemas de Ricardo Reis,um heterónimo de Fernando Pessoa

Inauguração dia 28 de Janeiro, pelas 18h30,

em Lisboa, na Casa Fernando Pessoa

Pedro Cláudio concentrou-se na figura do exílio, que é

a génese do poeta Ricardo Reis: um homem que se agarra ao

conhecimento para se salvar e que descobre na poesia – esse

saber que nasce das ruínas da cultura e da civilização – o

caminho solitário da transcendência. Toda a poesia digna desse

nome é um exílio, e Reis é a voz modulada, mansa, greco-romana

do abissal exílio pessoano. Fernando Pessoa exportou para o

Brasil este que foi o mais europeu e conservador dos seus

poetas, acto só aparentemente irónico. Não há em parte alguma

um céu inteiro, todo o sol esconde uma lua negra, e à pátria da

língua nunca acabamos de aportar nem de escapar. Um exilado vive

exactamente fora do tempo, isto é, fora de si – porque o eu,

Freud explicou-o, é uma construção imaginária que se projecta

sobre a realidade, e o exílio curto-circuita as projecções

sincrónicas, potenciando a interrogação do eu sobre a sua própria
identidade, isto é, fazendo-o implodir. É a essa implosão

interna, intemporal, dilacerante e dilacerada que assistimos

nas belíssimas imagens de Pedro Cláudio. Aqui nunca se trata de

ilustrar as palavras de Reis, mas de as descarnar até à névoa de

que são feitas, água de lágrimas. Pedro Cláudio cria o Ricardo

Reis que a obra de Ricardo Reis oculta, mas não é apenas esse

o seu génio; ele cria o Ricardo Reis que cada um de nós tem

dentro de si. Fernando Pessoa nunca fez outra coisa. Por isso

continua a dizer-nos tanto. [Inês Pedrosa]

NOTA: A exposição ficará patente até ao final de Abril.

É de visitar!

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