Sunday, September 10, 2006

SEIXAL GRAFFITI 2006, PORQUE O GRAFFITI É ARTE

A edição para os meses de Setembro e Outubro da Agenda Municipal da Câmara Municipal do Seixal informa, com particular relevo, que decorrerá naquela cidade, nos próximos dias 14 e 15 de Outubro, o Seixal Graffiti 2006. Informa também o referido documento que os writers interessados em participar naquele evento se poderão nele inscrever até ao próximo dia 2 de Outubro, apresentando as suas propostas de participação em desenho de formato A4. Podendo fazê-lo nas Oficinas de Juventude de Amora e Miratejo ou no Sector de Juventude da Divisão de Acção Cultural do Forum Cultural do Seixal, para onde poderão também solicitar quaisquer informações através do telefone 210976105. De entre todos os trabalhos enviados serão seleccionados 5, que serão seguidamente instalados em paredes a esse efeito destinadas em espaços da antiga Fábrica Mundet, no Seixal, desse modo transformada em Wall of Fame deste evento!
Nesta interessante e louvável iniciativa chamou-me especialmente a atenção o facto de aquela edilidade anunciar a sua pretensão de enquadrar o graffiti como autêntica arte, opondo-se desse modo a todos os que continuam a enquadrar esse género de arte urbana de rua num posicionamento de claro e puro vandalismo, desvalorizando completamente a inquestionável criatividade dos inúmeros jovens cuja interventiva arte pictórica recorre usualmente a antigas fachadas de prédios desactivados e não menos abandonados muros e taipais de obras situadas em sectores mais marginais ou marginalizados das grandes ou pequenas cidades.
Cinco anos após os trágicos atentados do chamado "11 de Setembro" em New York, autêntica capital mundial de toda a liberdade, recordo que foi nas paredes e taipais de locais públicos dessa cidade que surgiu durante a década de 1980, quase inadvertidamente. o intensivo movimento cuja criatividade trouxe a esses locais frases, palavras, interjeições e desenhos de carácter jocoso, contestatário, obsceno e até por vezes informativo que, apesar de alguns possíveis e criticáveis desvios, não podemos deixar de referir como imaginativos espaços de liberdade. Posso até aqui escrever que esses espaços de liberdade são mesmo uma das exemplares características que marcam a essencial diferença entre o género de permissiva sociedade ocidental em que nos enquadramos e a inclassificável podridão intelectual que manipula o tipo de doentios indivíduos, de inspiração tipicamente fascista,que programam e executam atentados terroristas como o "11 de Setembro" ou os quase constantes e traiçoeiros atentados contra a liberdade de movimentação e pensamento que todos os dias têm infelizmente sucedido em locais como o Iraque...
Todo o sentimento de intensiva e quase incontrolável liberdade criativa ligada aos graffitis, ao hip hop, à breakdance e aos chamados desportos radicais, nomeadamente o skate, responderão durante aqueles dias, no Seixal, mais uma vez e quantas vezes forem necessárias, aos desumanos inimigos da liberdade que a coberto de algum pensamento de ordem religiosa e social atentam todos os dias contra a nossa liberdade de pensamento e acção, um pouco por todo o mundo...
Num post cujo tema essencial é evidenciar o graffiti como arte, não posso deixar de aqui referir o norte-americano Keith Haring (1958-1990), destacado vulto, entre os artistas de representação visual urbanos cuja arte grafítica, neo-expressionista, surgiu inicialmente nas paredes nova-iorquinas, com a especial particularidade de ter sido também o primeiro a conseguir fazer passar esse género de arte urbana para as paredes dos túneis do metro de New York, caso dos seus inesquecíveis ovnis, homens de enormes falos e pirâmides. Haring abandonaria os graffitis em 1986, numa época em que a irreprimível energia e o vocabulário estético desse seu engenho criativo haviam já sido reconhecidos e enquadrados com o estatuto de arte. A simplicidade e fluidez de linhas, espontaneidade e intensidade cromática apreendidas por Haring enquanto corporizou parte do movimento graffiti das ruas nova-iorquinas estiveram entre as inovações que a sua produção artística trouxe á arte contemporânea, pós-moderna. Havendo muito mais a dizer, resta-me aqui felicitar a Câmara Municipal do Seixal pela continuação desta marcante iniciativa por si iniciada em 2001 (simbolicamente no mesmo ano do trágico atentado contra as torres do Worl Trade Center!), lembrando que o Seixal Graffiti 2006 vai também registar a presença de conhecidos writers estrangeiros e nacionais, bem como bandas hip hop e DJ's, sem esquecer a participação de alguns dos mais afamados skaters portugueses. É só aparecer!

1 comment:

ladoalado said...

De facto, o Seixal Graffiti é já um evento incontornável no mundo da Street Art.