CULTURA: QUEM QUISER OVOS , QUE OS PONHA! (13 ANOS DEPOIS)

Numa semana em que se completam dois anos após a reabertura ao público do Cine-Teatro de Alcobaça após as suas obras de recuperação e requalificação, lembrei-me de aqui recordar os (inadvertidos) tempos em que a mais importante infra-estrutura cultural alcobacense estava em autêntico processo de auto-destruição e poucos eram os alcobacenses que lutavam para que a nossa edilidade comprasse o edifício e o recuperasse. Lembro aqui a parte final de um meu texto de opinião publicado na edição de 31 de Outubro de 1993 do mensário A Voz de Alcobaça, sob o título "Cultura: Quem Quiser Ovos, Que os Ponha", que terá sido a primeira vez que algum alcobacense colocou publicamente a questão, iniciando alguns anos de batalha contra a falta de rasgo de muito boa gente:
"É caricato que a nossa vila não disponha de um auditório com boas condições acústicas e que todo o tipo de concertos aqui realizados sejam encaminhados para salas com deficientes condições, incluindo as do Mosteiro, o que até à data só tem prejudicado aquele tipo de realizações. E aqui, não basta continuar a esperar pelos bons humores eclesiásticos ou incitar o povo à ressurreição, tal como um conhecido político local tentou fazer aquando da recente polémica da proibição imposta pelo Patriarcado, impedindo que os concertos do II Cistermúsica se pudessem realizar na Nave Central do Mosteiro, local que, apesar de tudo, também não reune as condições mínimas necessárias para a realização de concertos. Será importante e indispensável que a próxima edilidade (que segundo indicam as sondagens e as modestas propostas da concorrência ao lugar de Miguel Guerra, acabará por ser a mesma) aposte verdadeiramente nesse campo, através da construção de um bom auditório, a que não faltem os devidos adereços em termos de complemento de trabalho dos artistas, como camarins ou salas de ensaio, entre outros.
Porém, e se a construção de um auditório poderá ser morosa, em termos de tempo, existe uma outra solução para este problema, solução que além de resolver esta questão poderia até matar dois coelhos de uma só cajadada, contribuindo também para a conservação de uma das mais preciosas peças arquitectónicas existentes nesta vila. É claro que falamos da aquisição do Cine-Teatro de Alcobaça, sala com excelentes condições acústicas, que após necessárias obras nalguns dos seus espaços poderia afirmar-se como importante cartão de visita local e até mesmo reavivar a agora adormecida actividade teatral de alguns agrupamentos desta região. Como diriam alguns conhecidos comentadores políticos da nossa praça: além de dinheiro e capacidade é apenas necessária e indispensável -vontade política- para isso. Vale?".
O Cine-Teatro de hoje já fez, (muito) felizmente, esquecer aquela época...