Friday, February 09, 2007

VOTAR SIM EM 11 DE FEVEREIRO É TAMBÉM VOTAR NA TRANSPARÊNCIA!

Hoje é, como todos sabemos, o último dia legal de campanha para o referendo que em 11 de Fevereiro chamará os portugueses a pronunciar-se democraticamente sobre a Despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez. Neste último dia de campanha tive uma prova bem real de que nem toda essa campanha se processou com a devida transparência para um país que vive em Democracia há quase 33 anos. Quando de manhã cheguei à minha mesa de trabalho, no meu emprego, alguém antes tinha lá colocado dois documentos de campanha respeitantes àquele referendo.
O mais vistoso desses documentos, em cor-de-rosa, situava-se muito subliminarmente no campo dos movimentos que defendem o voto -não- naquele referendo, tendo esse documento a principal característica de ser um documento anónimo e indiscutivelmente demagógico e enganador. A única assinatura nele visível era uma frase final: "Acção cristã servir a vida", seja lá isso o que for para os seus autores, dado que quem defende o voto SIM naquele referendo também o faz em acção para servir a vida, não podendo os defensores do -não- arvorar-se em defensores exclusivos de algo que respeita a todos e todos defendem, mesmo votando SIM naquele referendo. De entre tudo o que vinha escrito naquele documento, algo saltava à vista num dos seus parágrafos, em que se escrevia o seguinte: "Que ideia é essa que um bébé até às dez semanas pode abortar-se? Num dia não é humano e no outro dia já é? Antes das dez semanas o bébé já sente a dor se lhe fizerem mal". É claro que este género de conversa se baseia numa profunda mentira, tentando enganar os mais incautos e desprevenidos... Até às dez semanas não se trata de um bébé no verdadeiro sentido do termo, mas sim de um feto, que ainda não tem movimento nem características de personalidade, como ainda esta semana descreveu em Lisboa uma cientista portuguesa residente em Inglaterra, que inclusivamente afirmou ter cientificamente descoberto que esse "movimento e essas características de personalidade" apenas se iniciam às 16 semanas de gravidez. É claro que nem é ainda bébé às dez semanas e que ainda não sente dor "se lhe fizerem mal" e que isso está cientificamente comprovado. Infelizmente, quem escreveu aquelas barbaridades refugia-se no anonimato, tal como quem colocou aquele infeliz documento na minha mesa de trabalho!
O outro documento de campanha para o referendo de 11 de Fevereiro que esta manhã encontrei na minha mesa de trabalho era um documento devidamente identificado, de autoria do Secretariado Nacional do sindicato em que estou filiado: o SNTCT. Sob o título "Vota Sim! Em nome da Justiça", esse documento enumerava muito claramente algumas das razóes por que votarei SIM no referendo do próximo domingo. Transcrevo seguidamente algumas delas, aqui as deixando como último documento de reflexão publicado neste blogue antes do dia do referendo. Votar SIM:
- Porque as principais razões que determinam o recurso à IVG não estão contempladas na lei
- Porque defendemos o fim da perseguição judicial às mulheres
- Porque queremos acabar com o flagelo do aborto clandestino
- Porque respeitamos a vida e queremos proteger a saúde da mulher
- Porque uma lei de despenalização não se imporá à consciência e à decisão de nenhuma mulher
- Porque a IVG não é um método de planeamento familiar, mas um último recurso
- Porque defendemos a maternidade e a paternidade livres, conscientes e responsáveis.
Votar SIM no referendo do próximo domingo, 11 de Fevereiro, será também um acto de maturidade e transparência democrática e uma lição para quem se continua a ocultar no obscurantismo!

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