Tuesday, August 14, 2007

DOIS ESPECTÁCULOS DE DANÇA CONTEMPORÂNEA ENCERRAM XV CISTERMÚSICA DURANTE O PRÓXIMO FIM-DE-SEMANA

O XV Cistermúsica termina durante o próximo fim-de-semana, com dois espectáculos de dança contemporânea, a apresentar nas noite de sábado, 18 de Agosto, e domingo, 19 de Agosto, a partir das 22 horas, em Alcobaça, na Praça 25 de Abril. Em palco estará uma velha conhecida daquele festival, a CeDeCe-Companhia de Dança Contemporânea, que em ambos os espectáculos interpretará um Revival da Missa Crioula de Ariel Ramirez, que a mesmíssima companhia estreou em Setúbal, no Fórum Municipal Luiza Todi, em 1 de Outubro de 1991, ano de fundação daquela companhia, que então se designava CDC-Companhia de Dança Contemporânea de Setúbal (cidade onde foi fundada e onde estava então sedeada). A concepção do espectáculo é de Maria Bessa e António Rodrigues, sendo este último também responsável pela sua cenografia. Segundo Maria Bessa, "na concepção da Missa Crioula que agora apresentamos conjuntamente, procuramos criar um espectáculo visual que muito embora apoiado coreograficamente na conhecida partitura de Ariel Ramirez, traduzisse a intemporalidade do sacrifício da missa - antes de tudo mais em acto interior que mesmo que celebrado em conjunto coloca o homem perante Deus ou talvez perante si próprio no seu mais íntimo. Assim, Deus e o Homem na dualidade que Cristo encerra, a nosso ver, é invocada, questionada ou sublinhada conforme a parte da missa a que se refere. O Kyrie, precedido por um silêncio, assume-se como um cântico de procissão a que se seguem as 3 partes do Glória, sublinhadas por projecções, símbolos/testemunho de religiosidade, do horror e da espiritualidade criativa numa consciência presente, ou ausente. Às interrogações que se põem seguir-se-á o Credo, o Sanctus ou cântico dos anjos, das estrelas e do Universo e a admirável paz do Agnus Dei em que todo e qualquer "Homem de Boa Vontade" se reconhece na sua força plena. A linguagem coreográfica e a forma estética são propositadamente contemporâneas contrariando, no campo das aparências, o cariz musical de raiz local".
A Missa Crioula que inspira e sustenta musicalmente esses espectáculos de bailado é a mais reconhecida produção musical do compositor argentino Ariel Ramirez, nascido em 1921. Ariel Ramirez distinguiu-se também como pianista e maestro, tendo composto Missa Crioula em 1964. A Missa Crioula de Ariel Ramirez baseia-se em ritmos tradicionais sul-americanos como a chacarera, o carnavalito e o estilo pampeano, resultado da influência exercida pelo cantor popular Atahualpa Yupanqui na sua música. Liricamente, a Missa Criola de Ariel Ramirez baseia-se no texto castelhano elaborado pela Comisión de las Iglesias de América Latina após o Concílio Vaticano II ter aberto a possibilidade de as missas deixarem de ser obrigatoriamente ministradas em latim. A estreia absoluta da Missa Crioula de Ariel Ramirez registou-se no belíssimo Teatro Colón de Buenos Aires e foi já gravada em disco e interpretada um pouco por todo o mundo, estando entre os seus intérpretes mais conhecidos o próprio Ariel Ramirez, como pianista, o tenor espanhol José Carreras ou a contralto argentina Mercedes Sosa.
Tudo se conjuga para um final perfeito de uma edição do Festival de Música de Alcobaça que certamente deixará (muitas) saudades!



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