Saturday, May 24, 2008

OS 3 TENÓRIOS AO VIVO, HOJE, EM LISBOA, NO MAXIME. ONDE MAIS PODERIA SER?

Neste sábado, 24 de Maio, às 23 e 30, as Produções Banana e o Cabaret Maxime vão surpreender-vos com um momento especial, até agora um segredo bem guardado: Para os privilegiados que receberem este e-mail, e que se puderem deslocar até à Praça da Alegria, aguarda-os um verdadeiro manjar dos deuses! Num momento de inspiração de se lhe tirar o chapéu, e até… a boina, Vitorino e Manuel João Vieira, prestam uma singela homenagem a João Vieira - mais conhecido nos meandros musicais por Juanito Caminero - e ao seu desmedido gosto por boleros! A estas três vozes, quais 3 Tenórios, junta-se um elenco de virtuosos, a quem também podemos tirar barretes e cartolas - Djón Luz (guitarra e cavaquinho), Alberto Garcia (bateria), João Lucas (piano) e Filipe Rocha (contrabaixo) - para nos fazer tremer a alma ao som de alguns dos mais belos boleros de sempre, como “Piensa em mi”, “La Puerta”, Dos Gardénias”, e muitos outros. Aquando da edição de autor do CD “La vida es un bolero” de Juanito Caminero, gravado na última semana de Agosto de 2007 “en el pueblo de Anelhe - Tras los Montes”, Armando de Varanosa (correspondente especial do “Bolero Ilustrado”), escreve: Apesar de raízes musicais e origens geográficas controversas, convencionou-se dizer que o bolero é um ritmo musical adaptado da clássica balada às raízes afro-espanholas, e que encontrou grande desenvlvimento em Cuba, Porto Rico, República Dominicana e México. Aquilo que não se diz é que é também um ritmo transmontano.
- La vida es um bolero! - diz Juanito Caminante, andarilho num mundo de amores, aventuras, uísque, paixões, dores de corno e outros sentimentos mais ou menos nobres, consoante…
- Consoante o quê? - pergunta Varanero, enviado especial do “Bolero Ilustrado”.
- Consoante! - articula, num castelhano cravejado de transmontanismos, a enigmática personagem de Juanito, hoje descoberta pela jovem editora A.R.C.A. (Associação Recreativa e Cultural de Anelhe), que revela assim, um futurista promissor no panorama cançonetista alto-tâmeguense e porventura nacional.
Este peregrino, partilhou do coração - o coração peludo do bolero - um estradão de glórias com António Machim, Bola de Nieve, Lucho Gatica, Armando Manzareno, Augustin Lara, Los Panchos, Pablo Milanés, e muchos más. Mas, sobretudo, aprendeu nos caminhos da própria vida, por vezes tortuosos e nunca direitos! Perseguido pelo regime e votado ao ostracismo, foi sobrevivendo à custa de um magro rendimento de engraxador no Rossio, numa época em que apenas se dava valor aos hinos patrióticos, ao fado e à música electrónica improvisada. Desde pequeno que o bolero foi para ele como um farol, num mar tempestuoso de afectos, seduções e ilusões. Marcado pelo infortúnio e pela virtude, desde os romances escorregadios com a Viúva Lamego e outras viúvas famosas, às relações sado-masoquistas com as esposas de altos dirigentes da política, do exército e do clero, num encadeamento sucessivo de amantes, missais de suspiros e cruzes, suores, risos e lágrimas. O bolero, foi a única forma cristalizável – encarnação musical do amor perfeito – que se ía reflectindo de forma fugidia, pelas faces das mulheres da sua vida, “ultrapassando os limites do ridículo e do sublime”, como dizia G. G. Marques.
Mais uma noite do caraças no Cabaret Maxime! Podem crer!

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