Morreu esta madrugada um dos meus poetas (muito convictamente) favoritos: Mário Cesariny de Vasconcelos. A sua poesia continuará a acompanhar-me, certamente para todo o sempre... Algumas horas apenas após o seu falecimento, o Nas Faldas da Serra presta-lhe convicta e sentida homenagem publicando um dos seus mais notáveis e emblemáticos poemas:
OUTRA COISA
Apresentar-te aos deuses e deixar-te
entre sombra de pedra e golpe de asa
exaltar-te perder-te desconfiar-te
seguir-te de helicóptero até casa
dizer-te que te amo amo amo
que por ti passo raias e fronteiras
que não me chamo mário que me chamo
uma coisa que tens nas algibeiras
lançar a bomba onde vens no retrato
de dez anos de anjinho nacional
e nove de colégio terceiro acto
pôr-te na posição horizontal
tirar-te todo o bem e todo o mal
esquecer-me de ti como do gato
MÁRIO CESARINY DE VASCONCELOS
Pena Capital, 1982
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