Saturday, March 10, 2007

RESOLUÇÃO DO COMPLEXO DE ÉDIPO DOS ALCOBACENSES LEVOU MOSTEIRO DE ALCOBAÇA A MUDAR DE PASTELARIA PARA TABERNA

Depois de durante quatro dias do passado mês de Outubro, a VIII Mostra de Doces e Licores Conventuais de Alcobaça ter ocupado e movimentado uma grande parte do sector medieval do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, chegou hoje a vez de esse sector daquele monumento ter engalanadamente recebido uma Mostra Nacional de Vinhos, a que não faltou sequer uma animada degustação... Os visitantes deste blogue sabem que nunca morremos de amor pela ideia de levar eventos não certificados para o interior do nosso Mosteiro e já aqui temos várias vezes lavrado o nosso protesto nesse sentido. Não temos nada contra qualquer desses eventos (nem contra os seus organizadores) nem contra o Mosteiro propriamente dito (antes pelo contrário!). Pensamos e defendemos é que Alcobaça deveria ter um Pavilhão Multiusos onde eventos desta dimensão e desta envergadura pudessem ser realizados, lembrando neste caso particular, que uma atenta observação histórica e literária desaconselharia claramente que eventos desse género fossem organizados no interior de um mosteiro classificado pela Unesco (muito a custo!) como Património Mundial da Humanidade...
Todavia, "quem de direito" levou (muito) democraticamente a sua avante e, segundo rezam as crónicas, depois de ter levado aquela edição da Mostra de Doces e Licores Conventuais de Alcobaça, com o benefício do notável sucesso que os seus organizadores e apoiantes previam, não só em termos comerciais mas também em termos de visitantes do Mosteiro de Santa Maria durante aqueles quatro dias, optou agora por idêntico posicionamento no que respeita a esta Mostra Nacional de Vinhos. Não constando que tenham partido ou estragado alguma coisa importante, tudo bem e fiquemos então aguardando pela próxima, havendo já quem aposte numa Feira Nacional do Gado no Mosteiro de Alcobaça, facto que, certamente, nos faria ultrapassar Santarém no ranking nacional das feiras dedicadas à Agricultura!
Em Novembro, não deixámos de aqui publicar uma interpretação mais cuidada e atenta sobre o enquadramento filosófico da VIII Mostra de Doces e Licores Conventuais então organizada em Alcobaça, no seu Mosteiro, revelando-nos então os seus resultados que 172 anos após a saída (muito à má fila!) dos Monges de Cister de Alcobaça, a cidade tinha então conseguido finalmente resolver um dos seus problemas históricos mais graves, ou seja, o seu Complexo de Édipo face à sua (con)vivência com o seu Mosteiro. Registava-se até que o tinha conseguido fazer sem matar o pai ou provocar o suicídio da mãe, como consta ter acontecido ao seu antecendente mitológico... Depois de muitos séculos de luta implacável, Alcobaça pareçera ter então resolvido o seu Complexo de Édipo, enchendo (muito liberalisticamente) o ventre da sua mãe de doces e licores, e não se cansando de ali os visitar (e degustar) durante quatro dias... Após o estrondoso êxito daquele evento, o Nas Faldas da Serra não tinha (ainda) a certeza de que futuramente o nosso Mosteiro se pudesse suicidar (como o fez Jocasta) ou se Alcobaça acabaria por matar o seu próprio pai (como Édipo fez a Laio). Esperávamos então que depois de digerir tantos ovos e tanto licor o nosso Mosteiro não ficasse com o colesterol muito alto ou com alguma doença de fígado... E o IPPAR com alguma irritante dor de cabeça... Pelos vistos, nada disso sucedeu, comprovando a presente organização de uma Mostra Nacional de Vinhos em pleno sector medieval do Mosteiro de Alcobaça que os mais importantes responsáveis políticos e culturais locais continuam apostados em resolver de vez o Complexo de Édipo dos alcobacenses face ao seu Mosteiro. Quatro meses depois de o terem transformado numa pastelaria gigante, optaram agora por mudar de ramo, transformando-o numa enorme taberna. Quatro meses depois de terem enchido o ventre da sua mãe de doces e licores, tiveram agora a ideia de a tentar embebedar, enchendo-lhe o ventre de vinho tinto, vinho branco e rosé... Esperando que o fígado da nossa Jocasta cisterciense resista a mais esta aventura (comercial) no seu seio e que aqueles vinhos não tenham sido preparados com excesso de ácito tartárico e metabissulfito, esperamos também que o IPPAR e a Unicef não liguem muito a esta bebedeira... A bem do nosso Complexo de Édipo...

3 comments:

Lúcia Duarte said...

oh josé Alberto, desculpe voltar a discordar.
Antes dizia-se que o mosteiro não servia para mais nada porque a directora fechava todas as portas. Agora que temos um mosteiro vivo chamasmos-lhe nomes?
Não é melhor isso do que, estar em plena entrega do certificado ao mosteiro por parte da organização das 7 maravilhas e, aparecer o presidente da câmara a trocar D. Pedro com o Santo António casamenteiro, dizer que a batalha de Aljubarrota se deu em 1410.
Isto para já não falar dos erros históricos que aparecem no video que está no youtube.
eu também acho que o pavilhão é necessário mas, talvez se possa converter o merco, não?

Lúcia Duarte said...

desculpem o erro de escrita na palavra chamamos-lhe

José Alberto Vasco said...

Não posso estar de acordo consigo, Lúcia. Nem todos os alcobacenses tinham esse pensamento sobre as anteriores direcções do Mosteiro, nem todos são a favor desse género de "mosteiro vivo" que refere. Acima de tudo, devido ao facto de esse tipo de "mosteiro vivo" não se alicerçar em criteriosas fundamentações de ordem histórica e religiosa, gerando perigosos precedentes de ordem cultural. Todos esses eventos ficariam certamente muito melhor no adequado Pavilhão Multiusos de que Alcobaça necessita, que, deverá ser projectado e construido de raiz, dado que o Pavilhão do Merco, infelizmente, nunca serviu para nada que jeito tivesse e já não tem recuperação possível!