Sunday, September 21, 2008

RABISCUITS 2008 TERMINOU, DEIXANDO A SENSAÇÃO DO DEVER (MUITO BEM) CUMPRIDO

Terminou hoje ao fim da tarde, em Alcobaça, o Rabiscuits 2008, bem sucedido evento que durante três dias cumpriu inteiramente a missão que a si próprio havia destinado (dar a conhecer a capacidade criativa de novos artistas, sensibilização da população em relação às novas formas de expressão artística, aproximar a arte contemporânea da população de forma a romper com o mito de esta ser um tipo de arte inacessível). Foram três dias em que a nova arte e os novos artistas sairam literalmente à rua, sem quaisquer complexos face à possibilidade de alguns sectores da população local colocarem em causa quer o facto de a arte apresentada durante aquele evento no centro histórico de Alcobaça ser ou não ser arte, quer o facto de esses novos artistas poderem ou não ser considerados artistas. A discussão seria longa, mas a verdade é que o Rabiscuits 2008 acabou por levar a cabo a sua missão, beneficiado por uma meteorologia que lhe foi favorável e por uma (enormíssima) adesão do público rara neste género de eventos. Andámos por lá durante os três dias, houve coisas de que gostámos muito, outras que nem por isso, e outras que nada... Contudo, de entre as que gostámos muito houve mesmo algumas de que gostámos mesmo muito, como foi o caso do interventivo happening Impresso Improviso / Um Manifesto Sobre o Tempo (em que chegámos mesmo a colaborar!) de autoria da artista de representação visual alcobacense Ana Pereira e das suas companheiras Geovane Freitas e Mafalda Martins. Gostámos também imenso da irónica instalação Os Santos da Casa São (os) Que Fazem Milagres do alcobacense José Gil e do recital Guitarras, Loops e Electrónica do também alcobacense Hugo Trindade. Saimos literalmente vencidos e convencidos com alguns dos trabalhos cinematográficos apresentados no Rabiscuits 2008, como foi o caso da tão simples como estimulante curta-metragem A Mala do alcobacense David Mariano ou da preciosidade latente noutra curta-metragem ali exibida: A Bailarina de Paula Vieira. Contudo, nessa sessão, quase todos os nossos louros vão o excelente e irrepreensível documentário belga (Dis)appering Stories de Lotte Knaepen, um trabalho que demonstra pleno conhecimento de causa da coisa cinematográfica. E deixámos para o fim o espectáculo que neste Rabiscuits 2008 melhor impressão nos causou, o estimulante concerto/performance do projecto caldense Vernaculisamentalisadores & Nananam, trazendo de novo a Alcobaça um espectáculo de nova música improvisada tão aliciante e sedutor como os melhores que anteriormente por cá passaram (lembrando mesmo alguns dos mais emblemáticos agrupamentos do género que actuaram no Bar Ben durante as décadas de 198o e 1990, caso dos No Noise Reduction ou do Paulo Eno Ensemble/Objectos Perdidos). Parabéns pelo Rabiscuits 2008! Venha o 2009!

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