O Museu da Ciência da Universidade de Coimbra acolhe na próxima terça-feira, 23 de Outubro, às 15 e 30, o colóquio multidisciplinar “Saúde e doença na intersecção da biologia, ambiente e sociedade”. Organizado pelo Centro de Estudos Sociais (CES) e pelo Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra, o encontro apresenta as conclusões de diferentes especialistas internacionais sobre as complexas interacções entre biologia, ambiente,
sociedade e política, após dois dias de discussão. Especialistas americanos, europeus e dos países do hemisfério sul reúnem-se a 22 e 23 de Outubro, em Coimbra, com o objectivo de partilhar experiências e conhecimentos e de antecipar a biologia do futuro, numa análise das respostas emergentes e das possíveis consequências do trabalho actual dos biólogos.
“Como é que faz sentido falar em medicamentos específicos para uso específico a pacientes de
determinadas raças (com o BiDil, um fármaco desenvolvido para afro-americanos nos EUA) se o
Genoma humano nos disse ser incapaz de distinguir raças?”. Eis uma das reflexões sobre as quais os participantes do congresso se vão debruçar. O colóquio pretende assim focar os recentes avanços na investigação biomédica, mas não apenas.
“Vamos discutir não só novos tipos potenciais de intervenções em Medicina (relativa ao uso de
células estaminais ou ao uso da genómica e proteómica para prever a incidência de doenças e
criar medicamentos específicos para diferentes pessoas, por exemplo), mas também como essas
aplicações estão a ser pensadas ao nível das relações de investigadores com companhias
farmacêuticas e prestadores de cuidados, e destes com saberes tradicionais”, esclarece João
Ramalho, membro do Centro de Neurociências e Biologia Celular e coordenador do projecto.
O Projecto Genoma Humano (que permitiu estabelecer um mapa genético do organismo humano e que procura obter a sequenciação de todos os genes humanos) favoreceu a melhoria dos diagnósticos, a optimização dos tratamentos terapêuticos e da prevenção, assim como muitos avanços tecnológicos no domínio da genética. Surgem muitos estudos promissores que criaram esperanças, mas também incertezas e preocupações no domínio das ciências da vida.
Vão estar presentes durante as reflexões do grupo de trabalho Anne Fausto-Sterling (Brown
University, Estados Unidos), Adele Clarke (University of California, San Francisco, Estados
Unidos), Ana Soto, Carlos Sonnenschein (Tufts University, Estados Unidos), Vololona Rabeharisoa (Centre de Sociologie de l'Innovation, França), Carlos Machado de Freitas (Fundação Oswaldo Cruz - Brasil) e Jorge Sequeiros (Instituto de Biologia Molecular e Celular, Portugal).
A palestra insere-se no ciclo "Ciências da Vida e Sociedade: Desafios da Era Pós-Genómica" que,
segundo a organização, visa a “criação dum fórum que traga para um mesmo espaço cientistas
dessa área e das ciências sociais e humanas numa discussão aberta, intensiva e transdisciplinar
sobre alguns dos novos desafios que estão a emergir na papel da biologia no século XXI”.
O ciclo compõe-se de três encontros fechados com vários participantes convidados, cada um
deles seguido de um colóquio em que os assuntos neles abordados e as suas conclusões retiradas
serão partilhados com o público geral. As duas próximas sessões subordinadas aos temas “A
mercadorização da vida, saúde e ambiente: desafios e respostas” e “Redesenhando a vida
humana: reprodução medicamente assistida, células estaminais e genética” estão agendadas
para Fevereiro e Maio de 2008, antes da publicação das comunicações e dos relatórios dos
debates em livro. O evento conta com o apoio do Museu da Ciência, da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, do British Council e da Fundação Calouste Gulbenkian e deve ser mesmo muito útil e interessante!
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