Morreu esta noite a poetisa Fiama Hasse Pais Brandão. Recordo um ensaio sobre a sua arte poética, escrito por António Ramos Rosa, em que este definia a sua poesia como "espaço da infinidade". Relembrando essas sabedoras palavras, o Nas Faldas da Serra homenageia uma poetisa cuja morte física não impedirá que a sua poesia continue imortal, publicando um dos seus mais sedutores poemas:
O VEGETAL, O ÍRIS
No ar a mão descreve
o ponto da distância. Ali mostra-se
o cume; a serra delimita-se e excede-se.
O vegetal, o íris, quão incertos.
A mancha do seu pinho? A verde crosta?
O halo ou luz
que encostas escandem?
A terra é ígnea. O pensamento vê-a
inerte, acesa, ser movível. Do solo deriva
o bando e a altura
do voo desvia-o. No ar as asas
distam do traço de uma serra
real como a refractam.
De onde procede? Ascende,
designa a incandescendência.
A do seu corpo aéreo, o desejo;
a do contorno ténue
do arco, figuras luminosas.
No ar, de tudo
a mão sustém a realidade:
a curva áuream, terra,
as próprias chamas.
FIAMA HASSE PAIS BRANDÃO
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
1 comment:
Olá José Alberto venho convidá-lo para passar no blog da abó Guida
Cumprimentos pelo seu blog.
Avó Guida
Post a Comment