Apesar de muitos lhe terem já rezado alguns requiems o Centro Cultural de Belém continua a manter-se bem vivo e a apostar forte na sua programação deste ano. A saida de uma Festa da Música da sua programação acabou por dar lugar a outras festas da música, e não só, que prometem levar aos píncaros a apresentação de espectáculos musicais em Portugal durante este ano da graça de 2007. Esse vai ser o caso do(s) espectáculo(s) que quase nove anos após a inesquecível presença da Companhia do Teatro Mariinsky de S. Petersburgo no seu Grande Auditório vai assinalar o regresso da ópera àquele palco. Esse vai ser o caso da imprescindível Wozzeck, ópera com música e libreto de Alban Berg escrita a partir da peça teatral do mesmo nome e desígnio, escrita por Georg Büchner. A ópera mais representativa da chamada Escola de Viena será apresentada no palco do Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, nos dias 17, 19 e 21 de Janeiro, em parceria com o Teatro Nacional de S. Carlos, em cuja decorrente temporada lírica se integra. Esta apresentação de Wozzeck resulta de um protocolo com o Thêàtre de Lyon e o Festival de Aix-En-Provence, sendo as suas aclamadas encenção e cenografia da responsabilidade de Stéphane Braunschweig. Os principais papéis estarão a cargo de Dietrich Henschell (Wozzeck), Brigitte Pinter (Marie) e Stefan Margita (Tambor-Mor), sob a direcção do maestro Eliahu Inbal, que dirigirá a Orquestra Sinfónica Portuguesa, enquanto o Coro do Teatro Nacional de S. Carlos actuará sob a direcção do seu actual maestro titular Giovanni Andreoli.
Esta apresentação de Wozzeck em Lisboa será certamente um dos grandes acontecimentos musicais do ano em Portugal, aqui se lembrando que esta ópera de Alban Berg foi proibida e considerada "música degenerada" durante o nazismo, tendo apenas emergido após a Segunda Guerra Mundial como uma das mais notáveis e consistentes experiências da modernidade vienense do início do século XX no domínio do drama musical. Não será a primeira vez que Wozzeck é apresentado em Portugal, mas a verdade é que algumas décadas depois muito ainda recordam a sua anterior apresentação em Lisboa. Esses não faltarão certamente, num caso em que faltar deverá merecer marcação de falta a vermelho!
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